Fernando Gomes, presidente da FPF, garante que aquele organismo está disposto a defender, junto das instâncias internacionais, a situação dos clubes portugueses que recorrem a fundos de investimento para assegurar capacidade financeira para contratar grande parte dos seus jogadores. Este recurso, que não é aceite em todos os países, está agora na mira da FIFA, o que, para Fernando Gomes, exige uma intervenção: «Estamos atentos à discussão e vamos proteger o interesse dos clubes nacionais que utilizem esse recurso. Pelo menos no sentido de que a legislação, a ser aplicada, não tenha efeitos imediatos e permita uma fase de transição», admitiu enquanto respondia a perguntas do público num evento organizado pelo Clube dos Pensadores.

O dirigente federativo respondeu também às críticas recentes à deslocação da Seleção Nacional ao Gabão, por parte de Pinto da Costa, presidente do F.C. Porto e outros dirigentes de clubes, lembrando que a situação está regulamentada: «Só em 2012 a FPF já pagou mais de 2 milhões a clubes com internacionais. A compensação, que defendo desde 2002, está a ser salvaguardada, mas para isso os clubes têm de cumprir com os termos do memorando de entendimento, de 2008, que inclui jogos oficiais, particulares e estágio», frisou, lembrando ainda a existência de um seguro que pode ser ativado junto da FIFA, e que pode atingir até 20 mil euros por dia, em caso de lesões ao serviço das equipas nacionais.

Fernando Gomes voltou a sublinhar a situação de desigualdade fiscal do futebol perante outras atividades, como concertos, em relação ao regime do IVA, lembrando que «o futebol paga para cima de 100 milhões de euros de impostos. Não é admissível que o IVA dos bilhetes de futebol seja de 23 por cento, quando há outros espetáculos que têm uma taxa reduzida». Ainda sobre este tema, o dirigente lembrou que, em relação a dívidas anteriores «os clubes estão a fazer um esforço muito grande para regularizar a sua situação fiscal, para ficar dentro da legalidade».

Outro tema abordado foi o da regulamentação financeira exigida pela UEFA e que, lembrou Fernando Gomes, já levou à não participação do V. Guimarães nesta edição da Liga Europa. O presidente federativo admitiu ainda a criação de um subsídio a atribuir ao clube que utilizar maior número de jogadores nacionais, de forma a criar uma «discriminação positiva», para maior aposta na formação. Ainda assim, o dirigente alertou para a escassa percentagem de praticantes federados, por comparação com outros países europeus: « O nível português de praticantes deixa muito a desejar, estamos muito longe da média», frisou, aludiando ao valor de 1,2 por cento da população, por comparação com os 3,6 de média europeia. «Sem uma base alargada da pirâmide do futebol não é possível qualidade nas seleções», concluiu.