Fernando Santos promete uma Grécia que vai deixar tudo em campo frente à Alemanha e que não vai baixar os braços antes do último apito esta sexta-feira. O selecionador lembra o exemplo de 2004 e aceita as comparações com David e Golias para dizer que a seleção grega pode voltar a ser feliz.

Joachim Löw falou uns minutos antes do treinador português e referiu-se aos gregos com uns «sobreviventes». «Temos consciência disso, essa é a realidade, a Alemanha não é só favorita para este jogo, é a favorita para ganhar o troféu. Mas não viemos aqui de férias, viemos para conseguir o melhor resultado em cada jogo, é para isso que estamos aqui, amanhã vamos dar o nosso melhor como temos feito até aqui. Espero um grande jogo dentro e fora do relvado. Estamos todos muito envolvidos», começou por destacar o treinador na conferência no Arena de Gdansk.

O selecionador grego atribui o favoritismo à Alemanha, mas promete luta. «Conhecemos muito bem a Alemanha, tem uma excelente equipa. Mas quer o jogo tenha 90 ou 120 minutos vamos dar tudo o que temos. Não nos podemos esquecer que este é um jogo a eliminar», acrescentou.

Em 2004, a Grécia, com um treinador alemão [Otto Rehaggel], teve de bater os portugueses. Agora, oito anos depois, acontece o contrário. A Grécia, com um treinador português, vai ter de bater a Alemanha. «Não tinha pensado nisso, mas queria aproveitar a oportunidade para dizer que o Euro-2004 serve de inspiração para esta equipa. Também não eram favoritos e acabaram por conquistar o troféu», comentou.

«Quando penso fumo, talvez tenha pensado demais»

Os jornais alemães destacam o facto de Fernando Santos fumar muito. Um pormenor que não incomoda o treinador português. «Sim, é verdade, gosto de fumar. Isso não me incomoda», referiu, esticando a resposta quando lhe perguntaram se já tinha definida a tática para o jogo desta sexta-feira. «Talvez tenha sido por isso que tenha fumado tanto. Quando estou a pensar, puxo sempre por um cirgarrito, talvez tenha pensado demais. A verdade é que temos de entrar em campo concentrados em não cometer erros. Isso pode aumentar a possibilidade de sermos nós a festejar depois do último apito. Para nós, a partir dos quartos, os jogos são finais. Quem perde vai para casa. Não é só para a Grécia, é assim para as outras sete equipas», acrescentou.

Fernando Santos diz que não veio à Polónia de férias e quando diz isso está mesmo a pensar chegar à final de Kiev. «Não há nenhum treinador que esteja aqui no Europeu que não pense nisso. No momento em que não acreditar, deixo de ser treinador, vou fazer outra coisa qualquer», comentou.

Mas a Alemanha é a grande favorita para este jogo e sobram as comparações como David contra Golias. «Se é assim, será bom para nós, porque no final o Golias perde, não é? Há alguma verdade nisso, a Alemanha é mais forte, tem um currículo maior que o nosso, são uma equipa muito compacta, mas não vamos deixar de lutar por isso», insistiu.

Tem chovido com intensidade em Gdansk e é esperada mais chuva para o dia do jogo. «Acho que isso não vai favorecer nenhuma das equipas. O relvado ficará mais pesado, será mais difícil passar a bola, mas será assim para os dois, não será um factor decisivo», comentou.

Estar num Campeonato da Europa a lutar por uma vaga das meias-finais será um dos momentos mais altos na carreira de Fernando Santos que chegou a ser campeão de Portugal com o F.C. Porto. «É um dos momentos mais altos, mas tive outros. O mais importante terá sido quando levei uma equipa da terceira divisão à primeira divisão em Portugal [Estoril]. O primeiro jogo que fiz pela Grécia também foi importante. Toda a gente sabe como gosto deste país a partir do momento em que cheguei. Esse jogo também foi um marco importante», referiu.