Quando, ao minuto 53 do Arsenal-F.C. Thun, na primeira jornada da fase de grupos da Liga dos Campeões, o número 21 da formação suiça igualou o encontro com um tento feliz, silenciando Highbury Park, os portugueses ouviram um nome que soou a familiar. Nélson Ferreira, que emigrou para a Suiça aos 8 anos, acompanhando os pais e o irmão, sabia que, ao bater o espanhol Almunia, alcançara um feito histórico, para o seu clube, para a Suiça, e para o seu país de origem, Portugal.
Em entrevista ao Maisfutebol, o médio do F.C. Thun apresenta-se aos seus compatriotas, manifestando o desejo de representar a selecção nacional e o seu clube do coração, o F.C. Porto. «Representar a selecção portuguesa e o F.C. Porto seria o concretizar de um sonho», revela Nélson Ferreira, de forma humilde.
À procura de uma vida melhor
Percorrendo o mesmo trilho seguido por inúmeros cidadãos lusos, Nélson Ferreira, então com 8 anos, acompanhou os pais e o irmão na mudança para a Suiça, à procura de uma vida melhor. Para trás, ficara Portugal, um país que lhe traz doces recordações e aonde espera regressar, definitivamente, no futuro. Em solo suiço, iniciou a sua carreira no F.C. Interlaken, um clube amador, antes de rumar ao F.C. Thun, em 2001. Depois de esporádicas presenças, as boas exibições na Liga dos Campeões e no campeonato local permitiram a Nélson Ferreira segurar um lugar no onze. Agora, aos 23 anos, olha para o futuro com ambições renovadas. «Gostava de jogar num grande campeonato europeu. Se pudesse ser em Portugal e no F.C. Porto, seria o concretizar de um sonho», admite.
34,498 adeptos do Arsenal silenciados
O momento alto da carreira, a título individual, surgiu a 14 de Setembro de 2005. Frente ao poderoso Arsenal, em Londres, o desconhecido F.C. Thun apresentava-se como uma presa fácil. Ao minuto 51, Gilberto Silva materializou a superioridade local, mas Nélson Ferreira viria a silenciar os 34, 498 espectadores presentes em Highbury Park pouco depois. Um cruzamento largo do médio português encaminhou-se para a baliza do Arsenal e, com a devida permissividade do guardião espanhol Almunia, anichou-se no fundo das redes. «Foi um golo bonito. Foi sem querer, mas isso não importa», reconhece o jogador, entre gargalhadas, acrescentando: «Nesse momento, senti uma alegria extraordinário. Nunca pensei marcar um golo ao Arsenal, em Londres. No final, fiquei com pena porque, apesar do meu golo, perdemos». Em período de descontos, Bergkamp impediu os suiços de somarem os primeiros pontos na Liga dos Campeões (2-1).
Porém, na segunda jornada do Grupo B (Arsenal, F.C. Thun, Ajax e Sparta de Praga integram o agrupamento), a ameaça concretizou-se, com o F.C. Thun a averbar a primeira vitória, frente ao Sparta de Praga (1-0), colocando-se da segunda posição. «Sinceramente, ninguém esperava que íamos fazer esta campanha tão boa. É espectacular participar na Liga dos Campeões, ainda por cima com estes resultados. Vamos ver até onde podemos ir», diz Nélson Ferreira.
Portugal, se a Suiça não se antecipar, e o F.C. Porto
Nélson Ferreira sente-se bem na Suiça, mas não esconde o sonho de regressar a Portugal, de preferência para representar a selecção nacional e o seu F.C. Porto. Contudo, o jogador admite representar a Suiça, se esta se antecipar. «Portugal é o meu país de origem e claro que gostaria de representar a selecção portuguesa, mas também devo muito à Suiça e, se eles me chamarem primeiro, eu devo aceitar», avisa o jogador do F.C. Thun.
Quando a conversa incide sobre a preferência clubística, Nélson Ferreira não vacila, assumindo-se como dragão de corpo e alma. «Sempre fui do F.C. Porto. Tenho o sonho de representar um grande clube e, se esse clube fosse o F.C. Porto, seria perfeito. Nunca se sabe o dia de amanhã..», concluiu o jogador, ainda assustado com as luzes da ribalta. Mais um português a destacar-se no estrangeiro.