A dois remates do sonho. O Fiães caiu nas grandes penalidades, nas mesmas grandes penalidades que defendeu estoicamente com tanta fé. Leva o consolo de pelo menos ter alimentado o sonho. Porque de resto caiu bem, diga-se. O Marítimo foi melhor, apenas demorou uma eternidade a escrever a história previsível. Aparte esse facto, pegou no jogo cedo e cedo estabeleceu diferenças. Diferenças que nasciam de pormenores, no domínio de bola, na precisão de passe, na amplitude de movimentos.
Com o tempo acrescentou-lhe a capacidade física e, mesmo sem forçar um bocadinho, a formação de Mariano Barreto estacionou o futebol no meio-campo adversário. As ocasiões de golo iam-se sucedendo e só não resolveram imediatamente o jogo porque os madeirenses, principalmente Pena, se mostraram desastrados na finalização. O Fiães apenas uma vez chegou à baliza adversária em toda a primeira parte.
A etapa complementar foi ligeiramente mais entretida, a formação da II Divisão B não se limitou a defender, conseguiu estender o futebol no relvado, embora apenas por uma vez tenha estado perto do golo. O equilíbrio era por isso ilusório. Mesmo tendo de correr um pouco mais atrás da bola, o Marítimo continuava a criar perigo de cada vez que descia à baliza adversária. Bibishkov, Manduca e, principalmente, Pena tiveram o golo nos pés e desperdiçaram-no. Em alguns casos, contudo, há que dar o mérito a Nuno, o guarda-redes adversário, um bom valor que defendeu tudo o que podia. Ele e Bruno Sousa, um excelente central, foram do melhor que esta eliminatória mostrou.
Com o correr dos minutos Mariano Barreto decidiu carregar um pouco mais. Tirou Chaínho, colocou Evaldo na esquerda da defesa, mudou Ferreira para o lado direito e adiantou Luís Filipe no terreno. O Marítimo passou a jogar com quatro avançados. E a falhar golos. Com o aproximar do fim do jogo, e sentido a fortuna do seu lado, o Fiães acreditava. O público moralizava-se e o Fiães acreditava ainda mais. Tonel viu um segundo amarelo e o Fiães acreditou ainda mais. Acreditou tanto que conseguiu levar o jogo para prolongamento. Meia-hora jogada a lusco-fusco, que as torres de iluminação não dão para mais. Com mais um jogador e com tudo a ganhar, o Fiães anulou o Marítimo. E levou, com muito mérito, a decisão para grandes penalidades.
A sorte terminou por aí. Zé Paulo e Manarte permitiram a defesa de Nelson e o sonho morreu.
Ficha de jogo
Estádio do Bolhão, em Fiães
Espectadores: 3 000
FIÃES: Nuno; Pedrinho (Álvaro, 89m), Sousa, Polícia e Rui; Gabriel e Manarte; Ruisinho, Zé Paulo e Filipe Cardoso (Nuno Preto, 97m); Bruno Cardoso (Nelinho, 77m)
Suplentes não utilizados: Sérgio, Tiago, Xavi e Marinho
Treinador: José Pedro
Golos: Gabriel
MARÍTIMO: Nelson; Luís Filipe, Tonel, Van der Gaag e Eusébio (Ferreira, 40m); Bino (Evaldo, 65m), Wénio e Chaínho; Silas (Bibishkov, 23m); Manduca e Pena
Suplentes não utilizados: Marcos, Zeca, Briguel e Rui Marques
Treinador: Mariano Barreto
Golos: Manduca, Chaínho, Evaldo, Bibishkov
Árbitro: João Henriques (Coimbra)
Árbitros assistentes: Celso Pereira e Luís Castaíça
Quarto árbitro: Rui Tavares
Cartões amarelos: Tonel (55 e 83m), Van der Gaag (59m), Luís Filipe (80m), Evaldo (86m), Filipe Cardoso (88m), Polícia (105m)
Cartões vermelhos: Tonel (83m)