Arsène Wenger, diretor de desenvolvimento mundial da FIFA, defendeu esta quinta-feira a realização de Mundiais e Europeus de dois em dois anos, pedindo uma reorganização dos calendários internacionais de futebol.

Em entrevista ao Le Parisien, o francês, antigo treinador do Arsenal, questionou o atual calendário do futebol, nomeadamente o elevado número de jogos que as seleções realizam durante a época.

«O doping e a corrupção. Mas também o número de jogos disputados por ano e os riscos sanitários ligados a isso, que requer uma reflexão para reorganizar o calendário. É razoável, quando devemos ser responsáveis, nomeadamente responsáveis ambientalmente, multiplicar as viagens nas datas dos jogos internacionais [em setembro, outubro, novembro e março]?», começou por questionar.

«Uma das soluções seria organizar o Mundial e o Euro, e todas as competições continentais, a cada dois anos e parar tudo o resto. Contrariamente ao que dizem, isso não ia prejudicar o prestígio das competições. A Liga dos Campeões é disputada todos os anos e é muito prestigiada. As pessoas querem ver jogos que contam, e as competições que importam», prosseguiu.

Wenger defende uma reformulação do método de qualificação para as fases finais, além da abolição de jogos particulares ou de outras competições.

«Em 1982, o Mundial passou de 16 para 24 países, era muito. Em 1998, de 24 para 32, era enorme. Em 2026, terá 48, é uma loucura. Sim, parece uma loucura, mas, em percentagem, são menos de 25% dos filiados na FIFA. A UEFA tem 55 países membros e organiza o Euro com 24, são 45%. As seleções são a única e verdadeira motivação para um país empreender mudanças na estrutura do futebol, elevar o seu nível de jogo, desenvolver a modalidade», disse, apontando um possível formato de competição com 16 grupos de três seleções, avançando depois para a fase a eliminar.