Ao cair do pano surgiu um «twist» no filme do dérbi. O triunfo inclinava-se para o Sporting, mas já em período de descontos o Benfica chegou a uma igualdade que lhe permite manter o eterno rival a sete pontos de distância. Durante muito tempo remetido a um papel secundário, Jardel decidiu agora roubar a cena, para desgosto de um amigo e ex-colega: Marco Silva.
 
Jardel chegou a Portugal no verão de 2009, para jogar no Estoril, onde foi companheiro de equipa do atual treinador leonino. Logo no jogo de estreia do brasileiro, na Vila das Aves, ambos foram titulares. Jardel como central, Marco Silva a lateral direito.
 
«Sempre se deram muito bem. Existe uma grande amizade e respeito entre eles», diz João Coimbra, que também fazia parte dessa equipa do Estoril.
 
Jardel acabou por estar apenas uma época no Estádio António Coimbra da Mota, no entanto. Na temporada seguinte mudou-se para o Olhanense, mas no Algarve ainda menos tempo esteve. Em janeiro de 2011 foi contratado pelo Benfica, poucos dias antes da venda de David Luiz ao Chelsea.


 
A chegada de Ezequiel Garay à Luz, no verão seguinte, remeteu Jardel para um papel secundário durante três anos. Mas o brasileiro soube ser paciente. Respondeu positivamente quando foi chamado ao «onze», e esperou. Esperou mais do que é habitual, até. Mas com a saída do argentino para o Zenit assumiu finalmente a titularidade. O golo em Alvalade, pelo cenário e pela importância, atira-o para a frente dos holofotes.
 
«Respondeu sempre bem quando jogou e isso foi dando muita segurança, tanto a ele como ao treinador», defende João Coimbra, agora jogador do Rapid de Bucareste.
 
O médio recorda um colega «com uma grande personalidade, um grande companheiro de equipa, muito boa pessoa». «Cinco estrelas», resume, em conversa com a MF Total.
 
João Coimbra diz que em 2009/10 «já se via que Jardel ia atingir patamares superiores», ainda que a exigência do Estoril não seja a mesma do Benfica. Mas acrescenta que as características que tinha então «continuam todas lá». «Assumir o lugar como tem assumido só revela o grande carácter e personalidade que tem», elogia o jogador formado no Benfica, mas também com passagens por Gil Vicente, Nacional e Académico de Viseu (para além do Estoril, claro).


 
O médio não teve oportunidade de ver o dérbi, uma vez que está na Turquia, onde o Rapid prepara a segunda metade da Liga romena, mas destaca a importância do golo de Jardel, que «mantém o Sporting a sete pontos e deixa o Benfica a depender de si próprio».
 
Um tento que assume evidente importância, não só a nível classificativo, mas também no impacto psicológico que o desfecho pode provocar.