Um, dois, três, quatro… Bas Dost fez o poker com que o Sporting venceu em Tondela (1-4), consolidou-se como melhor marcador do campeonato, com 22 golos (mais seis do que Soares), e reentrou na corrida pela Bota de Ouro para melhor marcador dos campeonatos europeus – está atrás apenas de Lionel Messi, que tem 23 golos, e empatado com Aubameyang (B. Dortmund) e Belotti (Torino).

A título estritamente individual era difícil conseguir melhor época de estreia na Primeira Liga. No último sábado, teve nota 5 e é, para a redação do Maisfutebol, a figura da jornada. Para Carlos Xavier, médio antigo capitão do Sporting, onde atuou onze épocas (na década de 80 e em meados da década de 90), o internacional holandês contratado ao Wolfsburgo é o jogador «mais preponderante e mais regular» da equipa leonina nesta temporada.

«É uma surpresa a forma como ele teve uma adaptação tão rápida ao futebol português. A qualidade ajuda. É um jogador que se agarra pouco à bola, que joga bem de primeira, em tabelas, muito inteligente nas desmarcações. Não é tão brigão como o Slimani, mas na área é um grande matador. Acho que o Sporting não ficou a perder com a troca. Antes pelo contrário. Na época passada, numa equipa com um futebol mais ofensivo, o Slimani não fez tantos golos.»

No Top-20 dos maiores goleadores estrangeiros

O comparativo é favorável a Bas Dost, que no Sporting tem uma média de 0,75 golos por jogo, bem superior aos 0,51 de Slimani, que na época passada conseguiu 27 golos na Liga, tendo sido o segundo melhor marcador, atrás de Jonas (32). Para já, Dost está a cinco de atingir a marca do argelino, quando ainda faltam jogar nove jornadas.

Com os quatro golos deste fim de semana, o ponta-de-lança holandês entrou para o top-20 de melhores jogadores estrangeiros da história do Sporting, com 24 em apenas 32 jogos. Ainda um pouco longe está Ricky van Wolfswinkel, outro ponta-de-lança holandês que fez história no Sporting, que fez 45 golos, mas em 88 jogos.

Numa época de desilusão em termos coletivos, Bas Dost perfila-se para conquistar o troféu de melhor goleador da Liga, algo que um jogador do Sporting não consegue há uma década: o último melhor artilheiro leonino na Liga foi Liedson, em 2006/07, com apenas 15 golos (repetindo um feito alcançado em 2004/05, com 25). Antes dele, Jardel (2001/02, 42), Cadete (1992/93, 18) e Paulinho Cascavel (1987/88, 23) foram os únicos goleadores do Sporting nas últimas três décadas a alcançarem o troféu de melhores goleadores.

Ao Maisfutebol, Carlos Xavier sublinha o poker em Tondela, lembrando: «podiam ter sido cinco», se não fosse uma grande penalidade desperdiçada. E qualifica Bas Dost como a «estrela da equipa» no momento atual: «Além da categoria como ponta-de-lança e da importância que tem para a equipa, pelo que vejo dele penso que é um grande profissional e um bom colega. É um jogador que o Sporting tem de segurar na próxima época.»

Um poker, ainda assim, é uma raridade. Desde março de 2010 que não havia um jogador a conseguir tal proeza num jogo da Liga portuguesa. Há sete anos! Dessa vez, foi também um sportinguista o autor da proeza: Liedson, numa goleada no Restelo.

Apesar do poker, no final do jogo de Tondela Bas Dost lamentou não ter feito o quinto: «Falhei o terceiro penalti e não me esqueço disso.»

É uma prova do perfecionismo deste gigante holandês de 1,96 metros, nascido há 27 anos na pequena cidade de Deventer, não muito longe da fronteira com a Alemanha. Dost fez a sua formação com futebolista num clube designado de Germanicus, mas começou a carreira de sénior no FC Emmen (2007/08); transferiu-se ao fim de uma época para o Heracles e em 2010 chegou ao Herenveen. Entre 2012 e 2016 representou os alemães do Wolfsburgo, antes de se transferir para o Sporting, onde já conquistou os adeptos, que o saúdam ao ritmo da adaptação «Thunderstruck» dos AC/DC, adaptado em sua homenagem.