Em Inglaterra, como em todo o Mundo, multiplicam-se os vícios. No futebol inglês, como em todo o Mundo, os salários exorbitantes colocam centenas de jogadores em tentação. Grandes carros, noitadas, álcool, sexo, drogas. Tudo o que o dinheiro pode comprar.
Tony Adams, lenda do Arsenal, recuperou do alcoolismo durante a carreira e saboreou a sua melhor conquista com o sucesso da Sporting Chance, uma clínica de reabilitação para desportistas. O defesa-central abriu o espaço em Setembro de 2000 e, mais de uma década depois, regozija-se com o número de clientes, muitos deles colegas de profissão, curados durante o processo.
Recuemos no tempo. Tony Adams passou toda a sua carreira no Arsenal e acumulou 66 internacionalizações pela selecção inglesa. Venceu quatro campeonatos, oito taças britânicas e a Taça das Taças. Contudo, os seus olhos brilham quando fala da sua maior vitória.
«O Sporting Chance está no topo das minhas conquistas, ao lado das medalhas, dos troféus e das chamadas à selecção inglesa. Estou muito orgulhoso pelo que consegui criar», diz o ex-jogador, actualmente com 43 anos. Adams perdeu-se no álcool na segunda metade da década de 80. Foi parar à prisão, armou desacatos em público, jogou com uma tremenda ressaca.
Quase dez anos depois, após tratamento, o antigo defesa veio a público anunciar a sua recuperação: «Fiquei sóbrio em 1996, depois do Europeu. Depois de dois ou três anos de recuperação, sentia-me bem e comecei a notar que estava a ser abordado por muita gente, colegas de desporto, a perguntar como é que tinha conseguido curar-me. Percebi que era preciso preencher essa lacuna.»
Merson, Mutu, Barton e muito mais
A Sporting Chance segue os 12 passos dos Alcoólicos Anónimos. Uma equipa pequena, também ela com historial de recuperação de vícios pessoais, recebe quatro pacientes de cada vez, numa quinta recatada em Lipwook.
Tony Adams sucumbiu ao álcool, mas foi confrontado com várias dependências no mundo do futebol. Das drogas ao sexo, da violência doméstica ao vício do jogo. Desde 2000, a sua clínica assistiu a um corre-corre de nomes consagrados, animados pelo exemplo de Adams e confortados pela garantia de «100 por cento de confidencialidade».
Com duas semanas de antecedência, o Maisfutebol contactou os responsáveis da Sporting Chance para conhecer a sua história. Alegaram falta de tempo. A confidencialidade, percebe-se, condiciona os esclarecimentos públicos.
Contudo, ao longo dos anos, vários jogadores acabaram por falar sobre a ajuda da Sporting Chance. Paul Merson, Adrian Mutu e Joey Barton, entre outros, passaram por lá. A federação inglesa aplaude e apoia, a imprensa britânica também, deixando apenas espaço para um reparo: «Só temos pena que George Best não seja deste tempo.»