* Vote na figura nacional de 2015 no final do artigo

1. BERNARDO SILVA
Ignorado por Jorge Jesus no Benfica – três presenças na equipa A durante a época 2013/14 -, Bernardo sai para o Mónaco e em 2015 afirma-se definitivamente nas escolhas de Leonardo Jardim. Em março chega à Seleção Nacional, num amigável contra Cabo Verde, e a partir de setembro solidifica a posição nas escolhas de Fernando Santos. É suplente utilizado contra a França e titular nos jogos contra Albânia, Dinamarca e Luxemburgo. Talento puro ao serviço de Portugal, com passagem emérita pelo Europeu de Sub21, onde é protagonista e vice-campeão. Endiabrado em espaços curtos, imprevisível, e, surpresa das surpresas, capaz de suportar choques e uma oposição mais física. Custa perceber como não tem mais jogos ao serviço do clube formador. Misteriosos são os caminhos do futebolista português.  

2. CRISTIANO RONALDO
Um brutamontes do golo. 11 na Fase de Grupos da Liga dos Campeões – recorde, mais um -, 55 no total, entre Real Madrid (52) e Seleção Nacional (3). Tudo isto após os sorrisos logo no início do ano, pela conquista da Bola de Ouro (outra repetição). Dentro do campo, pelo menos do ponto de vista individual, Ronaldo mantém intacta a relação com a baliza e com a qualidade em todos os aspetos do jogo. Fora dos relvados, o ano de 2015 fica assinalado pelo lançamento do filme Ronaldo, autoria dos produtores de Senna e Amy. Tudo perfeito? Não, por culpa do Real Madrid. O clube do Santiago Bernabéu fecha o ano sem a conquista de nenhum título. A ditadura do Barcelona, arquitetada pelo génio de Messi, continua a usurpar troféus.

3. FERNANDO SANTOS

O antecessor prima pelas palavras duras, rosto fechado, personalidade difícil. Honesto, sim, mas complicado. Fernando Santos é o oposto. Folgazão, acessível, disposto a trocar ideias com os jornalistas nas conferências de imprensa e capaz de encaixar com naturalidade as críticas. Nem sempre justas, é verdade. Em 2015, o treinador devolve, em suma, o sorriso à Seleção Nacional. Recupera vários jogadores, ganha todos os jogos da fase de qualificação e coloca Portugal na fase final do Euro2016. Competência e cavalheirismo no mesmo técnico, sim, é possível. A Seleção Nacional vai para França carregada de sonhos e resultados entusiasmantes em 2015.

4. JORGE JESUS

Na noite de 3 de junho, já perto da meia noite, o Maisfutebol coloca Jorge Jesus muito perto do Sporting. Ondas de choque atingem o mapa nacional do futebol português, com epicentro na Segunda Circular. Incredulidade no Estádio da Luz, entusiasmo desabrido em Alvalade. Jesus, bicampeão nacional ao serviço do Benfica - semanas antes - não chega a acordo com Luís Filipe Vieira e, depois de um longo jogo executado nas sombras, assina pelo clube do coração. Aos 60 anos e coroado com dois campeonatos nacionais consecutivos, Jesus inicia um trabalho de paciência de leão ao peito. A primeira metade da época 2015/16 está a deixar água na boca, apesar das desilusões na pré-eliminatória da Liga dos Campeões e na Taça de Portugal.

5. JOSÉ MOURINHO
Campeão inglês em 24 de maio, desempregado de luxo a 17 de dezembro. Em sete meses, o Special/Happy One do Chelsea passa de figura indiscutível a sacrificado. Ditames impostos pelos terríveis resultados na época 2015/16. Nove vitórias e impensáveis 11 derrotas nos 25 jogos oficiais realizados, números imperdoáveis. Até para um treinador sagrado, como é José Mourinho no templo de Stamford Bridge. O ano acaba e uma nova luz surge ao fundo de um túnel anormalmente escuro, para o mais titulado dos treinadores portugueses: o Manchester United, poiso eterno do amigo Sir Alex Ferguson. Ano turbulento, repleto de momentos diametralmente opostos. O que vem em 2016, caro José?

6. MARCO SILVA
Dias loucos no final de maio, início de junho. A 31 ganha a Taça de Portugal no Jamor, com uma reviravolta épica do Sporting; a 2 os seus adjuntos são impedidos de entrar em Alcochete; a 3 fica a saber que Jorge Jesus vai ocupar o seu lugar em Alvalade. Só a 5 de julho há acordo entre clube e treinador para a rescisão do contrato trabalho. Um ano depois da entrada no Sporting, após brilhante trabalho no Estoril. A 7 de julho, o Olympiakos oficializa a contratação de Marco. Em Atenas, o treinador português domina completamente a liga helénica, mas falha a qualificação para os oitavos de final da Champions. Um ano agitado, mas com resultados desportivos assinaláveis.  

7. PAULO SOUSA
O treinador da Fiorentina acaba 2015 no segundo lugar da liga italiana. Há quase 20 anos que o clube Viola não virava o ano no pódio do campeonato. Sousa é o treinador da moda na Serie A e falar no título já não é proibido em Florença. Após a temporada de sonho no Basileia (campeão helvético e com presença nos oitavos de final da Liga dos Campeões), o antigo internacional português volta a um dos grandes campeonatos europeus e promete não ficar por aqui. O último ano é a prova maior de maturidade de um treinador com apenas 45 anos e já passagens por outras ligas europeias (Inglaterra, Hungria, Israel…). Se Paulo Sousa tiver a capacidade de deixar a Fiorentina nos três primeiros lugares do cálcio, é certo e sabido que no próximo ano volta a este espaço.

8. RÚBEN NEVES
O mais jovem jogador a envergar a braçadeira de capitão num jogo da Liga dos Campeões. Aos 18 anos, o talentoso médio do FC Porto impõe-se e integra o núcleo duro das escolhas de Julen Lopetegui. A 20 de outubro, na receção ao Maccabi, o internacional sub21 entra, então, na história da mais importante prova europeia de clubes. Não é só por isso que está nesta galeria de notáveis, porém. Apesar da imberbe idade, Rúben surpreende pela maturidade colocada em campo, faz mais de 50 jogos oficiais pelo FC Porto, é vice campeão da Europa de Sub21 e chega à Seleção Nacional nos derradeiros compromissos de 2015: 23 minutos contra a Rússia e 80 minutos contra o Luxemburgo. 2016 só pode ser ainda melhor. Toda a Europa está de olhos nele, apesar de Rúben jurar paixão e fidelidade pelo emblema do Dragão.

9. RUI JORGE  
A Seleção Nacional de Sub21 não perde um jogo oficial há mais de quatro anos. Um dado absolutamente impressionante. A última derrota data de 11 de outubro de 2011, frente à Rússia (2-1). A esta hora, o leitor já está a perguntar «e então a final do Europeu ?». Certo, pertinente. Portugal é só vice-campeão da Europa porque na final acaba batido no desempate por grandes penalidades. Nos 120 minutos de futebol, empate. Rui Jorge está a fazer um trabalho extraordinário nesta seleção e já caminha a passos largos para o Euro2017. Outra vez só com vitórias. Aos 42 anos, o selecionador nacional repete a presença nesta lista de notáveis.

10. RUI VITÓRIA
A cadeira de Jesus fica vazia e Luís Filipe Vieira reage imediatamente. A Norte, na Cidade Berço, mora o sucessor do treinador bicampeão. Homem da casa benfiquista, Rui Vitória volta, aos 45 anos, a servir o emblema da águia. Nove anos depois de ter saído da equipa B para o Fátima. Figura do Ano de 2014 para o Maisfutebol, Vitória deixa Guimarães com o Vitória Sport Clube no quinto lugar da Liga (e acesso aos play-off da Liga Europa) e uma Taça de Portugal no palmarés. Apresentado a 15 de junho, Rui Vitória é, no fundo, a face mais evidente da mudança de paradigma na Luz: menos contratações, maior aposta nos jovens da formação. Seis meses depois, o quadro não é particularmente animador. O Benfica está a sete pontos da liderança e já fora da Taça de Portugal. Há, porém, elementos positivos no meio de tudo isto. Falamos do surgimento de Nélson Semedo e Renato Sanches (além de Gonçalo Guedes) e da qualificação para os oitavos de final da Liga dos Campeões.