Inglaterra que nunca nos deixa ficar mal e a impressionante caminhada do Mónaco num fim de semana intenso de futebol que só acaba, aliás, na segunda-feira. E que começou com uma terrível tragédia em Angola, além de ficar marcado também por várias lesões graves.

Cinco equipas em dois pontos (sendo que o Manchester City pode descolar deste pelotão) e para mais o líder Chelsea a vacilar, ainda que mantendo uma confortável almofada de 10 pontos na frente, além do campeão em título a escorregar perigosamente para a zona de descida. Um dos resumos possíveis da jornada 25 da Premier League, que começou com o Hull City de Marco Silva em casa do Arsenal, numa derrota com polémica.

O clássico da ronda viu o Liverpool conseguir a primeira vitória de 2017 na Liga, interrompendo uma série miserável dos «reds», à custa de um Tottenham que se deixou alcançar pelo Arsenal no segundo lugar. E que permitiu ao Chelsea, apesar do empate, aumentar em um ponto a vantagem na frente.

Os «Blues» só levaram um ponto do terreno do Burnley, a equipa com o registo mais estranho da Premier League: 29 dos 30 pontos que tem foram ganhos em casa, até hoje eram só vitórias em Turf Moor. E o único ponto fora foi em Old Trafford... Numa classificação só de jogos em casa o Burnley seria primeiro, se olhássemos apenas para jogos fora seria último. Na verdade é 12º, tranquilo a meio da tabela.

Na ronda de Premier League ainda destaque para mais uma vitória do Manchester United, agora sobre o Watford. A equipa de José Mourinho não perde há 16 jogos para o campeonato, a melhor série em curso nas grandes Ligas europeias. Nessa série são nove as vitórias, para sete empates. Suficientes para uma recuperação que deixa os «red devils» para já no sexto lugar, mas a dois pontos do segundo.

O domingo teve, além do empate do Chelsea, mais uma derrota do campeão Leicester, que já está apenas um ponto acima da linha de água. Perdeu na visita ao Swansea, que recupera e já cavou quatro pontos de distância para a zona de perigo, onde está ainda o Hull.

Mónaco, golos e a promessa

De Inglaterra para França, onde mora a sensação da temporada. O Mónaco de Leonardo Jardim, que caça com o «tigre» Radamel Falcao mas não só. Agora o treinador português reforçou a aposta num miúdo de 18 anos feitos há pouco e ele respondeu com um «hat trick» ao Metz que manteve o Mónaco isolado na frente.

Kylian Mbappé, a sensação do momento, um campeão da Europa sub-19 que tem Thierry Henry como ídolo e termo de comparação. Jardim estreou-o na época passada e foi-lhe dando mais minutos esta temporada. Foi titular a meio da semana frente ao Montpellier e marcou um golo, voltou ao «onze» neste sábado e respondeu com três golos.

Já não é segredo e as informações de que muitos dos «grandes» da Europa o têm debaixo de olho não parecem apenas conversa. Há duas semanas o próprio Arsene Wenger admitiu conhecer bem Mbappé e alimentou a ideia de que é mesmo parecido com nada menos que Thierry Henry. «É elétrico como o Henry era, sabe driblar, sabe passar e é eficaz», disse o treinador do Arsenal.

Já tinha feito um «hat-trick» em dezembro, frente ao Rennes para a Taça da Liga. No campeonato já leva sete golos e é uma opção a ganhar créditos na incrível máquina goleadora do Mónaco, assente não apenas numa referência, mas numa equipa que Jardim tem conseguido gerir de forma a tirar o melhor partido de todo o plantel. São 75 golos na Liga, a marca dos 100 golos na época já tinha sido alcançada na época passada, de novo média de três por jogo, a dividir por muita gente.

Falcao, renascido esta época, é o melhor marcador do Mónaco, com 16 golos, depois de mais um bis (e uma assistência) na goleada ao Metz. Ainda assim longe de Cavani, que lidera a lista de melhores marcadores com os 25 apontados pelo PSG. Mas Falcao divide protagonismo e golos com muita gente no Mónaco: Valére Germain tem oito, Kylian Mbappé, Guido Carrillo e Thomas Lemar sete cada um e ainda anda por ali Bernardo Silva, com cinco.

A este ritmo o Mónaco ameaça o recorde de golos numa época na Ligue 1, que é absurdo: em 1959/60 o RC Paris chegou aos 118 em 38 jornadas, média de 3.1 por jogo.

Na classificação, o Mónaco mantém o PSG a três pontos de distância e o Nice, que esteve a perder por dois golos mas aina empatou frente ao Rennes, a cinco.

De França chega ainda mais um resultado a chamar a atenção para o Nantes de Sérgio Conceição, que a fechar o domingo venceu o Marselha, por 3-2. Uma vitória inaugurada por Diego Carlos, um dos vários rostos do Nantes conhecidos do futebol português, dois golos de vantagem aos vinte minutos, de tal forma que forçou Rudi Garcia, no banco do Marselha, a uma dupla substituição à meia hora. O Nantes conseguiu segurar a vitória, apesar da reação marselhesa, e já respira tranquilo, sete pontos acima da zona de descida.

Dortmund perde com o último antes da Luz

No fim de semana que antecedeu o regresso das competições europeias, havia atenção especial ao Borussia Dortmund, que visita o Benfica já nesta terça-feira. E os sinais que deixou a equipa de Thomas Tuchel não foram bons. Derrota frente ao último classificado, apesar de um belo golo do português Raphael Guerreiro.

O Dortmund, que apenas venceu um dos últimos quatro jogos, é quarto, depois de uma ronda em que o Bayern Munique deixou para o fim, mas marcou dois golos que no fim das contas lhe permitiram ganhar terreno a toda a concorrência, que falhou a toda a linha nesta ronda, e abriram um fosso de sete pontos na frente.

Juve, Fórmula Higuain

Seguindo no olhar português para os rivais europeus, a Juventus fechou o domingo de Serie A com uma tranquila vitória sobre o Cagliari. 2-0, bis de Gonzalo Higuain e notas para o FC Porto, que irá defrontar a «Vecchia Signora» nos oitavos da Champions daqui por dez dias.

Roma e Nápoles, os perseguidores, venceram nesta ronda, mas já são sete e nove pontos de distância, respectivamente.

Candidatos firmes e lesões terríveis em Espanha

Em Espanha, o domingo fechou com o Atlético Madrid a ir buscar ao fundo da alma forças para dar a volta ao Celta Vigo. A perder por 1-2 e já depois de Fernando Torres ter marcado de bicicleta e falhado um penálti, a equipa de Diego Simeone marcou dois em três minutos e conseguiu a segunda vitória seguida.

Ninguém falhou na frente. O Barcelona antecipou aquela que será a final da Taça do Rei com um arraso ao Alavés, 6-0 com bis de Luis Suárez, mais um de Messy e um de Neymar, a MSN bem oleada antes do regresso da Champions, já na terça-feira frente ao PSG.

O Real Madrid entrou em campo a seguir e também saiu com uma vitória tranquila em casa do Osasuna, 3-1 com Cristiano Ronaldo a abrir o caminho a um triunfo que mantém o Real na frente, com um ponto à melhor sobre o Barça e ainda dois jogos para acertar calendário no bolso. O Sevilha também voltou às vitórias, na visita ao Las Palmas, na frente ninguém vacilou.

Tanto o Alavés-Barcelona como o Osasuna-Real Madrid ficaram marcados por imagens arrepiantes de dor, que não deixavam margem para dúvida sobre lesões graves. Vieram a confirmar-se: Aleix Vidal fez uma luxação no tornozelo e vai parar cinco meses e Tano, do Osasuna, dupla fratura da tíbia e perónio. Um sábado negro também para Boschilia, do Mónaco, o brasileiro contraiu uma rotura do ligamento cruzado anterior do joelho direito.

Tragédia no Uíge

Estes dias ficam no entanto marcados pela tragédia de Angola. Pelo menos 17 pessoas morreram e dezenas ficaram feridas na cidade do Uíge na confusão que se gerou quando foi forçado um portão de acesso ao estádio que recebia na sexta-feira o jogo inaugural do Girabola, entre o estreante Santa Rita de Cássia e o Recreativo de Libolo.

Há adolescentes e crianças entre as vítimas de um incidente terrível, como relatou ao Maisfutebol o português Sérgio Traguil, treinador do Santa Rita.