Há momentos que não se querem perder pela antecipação de que serão bons, mas podem sempre trazer algo de novo. Clássicos são isso. São, por exemplo, Ibra a fazer de justiceiro no ManUtd-Liverpool. Ou Sergio Ramos de vilão num Sevilha-Real Madrid. Como aconteceu neste que foi um grande fim de semana de futebol internacional. Que viu quase todos os líderes das grandes Ligas perder terreno, e vários treinadores portugueses a sorrir lá fora. Um deles, Leonardo Jardim, a chegar ao topo.

Começamos pelo Real Madrid, pois. O jogo grande da ronda na Liga espanhola saiu maior que a encomenda, o Sevilha de Sampaoli grande frente ao Real, que lá foi ganhando vantagem num penálti batido por Cristiano Ronaldo. Mas a cinco minutos dos 90 Sergio Ramos, que se pegou com os adeptos do Sevilha quando marcou golo no jogo de Taça a meio da semana e foi acompanhado por assobios ao longo desta noite no Pizjuan, a voar para um autogolo que pôs tudo em causa. E depois Jovetic, que chegou a Sevilha há uma semana, cedido pelo Inter, a fazer o 2-1 já nos descontos, ele que já tinha marcado para a Taça, dois golos em dois jogos.

A derrota quebrou a série de 40 jogos invicto do Real Madrid, recorde do futebol espanhol, e volta a baralhar La Liga. O Real ainda tem um jogo na mão para acertar calendário, frente ao Valencia, mas nesta altura já só tem um ponto de vantagem para o Sevilha e dois para o Barcelona.

Ibra e muito mais no duplo duelo Manchester-Liverpool

O outro grande clássico do fim de semana era em Old Trafford e esteve bem à altura das expectativas. O Manchester United-Liverpool foi um jogo com um ritmo incrível, que começou por ficar inclinado para os visitantes por causa de um erro de Pogba (lançou as mãos à bola na área e fez um penálti para Milner converter), viu o Manchester United jogar muito e bem, frente a um Liverpool bem mais contido, e no fim acabou com um ponto para cada lado.

Aos 84m Zlatan Ibrahimovic marcou o golo do empate e devolveu alguma lógica ao clássico de Inglaterra, Ibra a ser Ibra, precioso. Foi o 14º golo do sueco em 20 jogos de Premier League, muito poucos fizeram melhor.

O empate pôs fim à melhor série de vitórias da época do United de José Mourinho, nove jogos seguidos a ganhar nas várias competições, mas os «red devils» jogaram o suficiente para vencer e não saem do clássico diminuídos.

O jogo de Old Trafford teve muita gente ilustre na bancada e teve Mourinho e Jurgen Klopp frente a frente, o que garante sempre boas imagens. E desta vez até uma troca de palavra mais acesa, sendo que foi Klopp a ter uma reação intempestiva, e não o português.

Foi um grande domingo de Premier League, a abrir com o outro confronto Liverpool-Manchester, que resultou num atropelo do Everton ao City. Os «Toffees» deram a bola à equipa de Guardiola, que teve 70,5 por cento da posse, e quando a tiveram marcaram: nada menos que 4-0, com dois golos dos adolescentes Tom Davies e Ademola Lookman.

A Premier League, de resto, teve o único líder dos grandes campeonatos a vencer. Depois da derrota frente ao Tottenham, o Chelsea despachou o Leicester com uma vitória por 3-0 e mantém distâncias na frente.

Mónaco líder à força de golos, Sérgio e Marco a respirarem

Ainda em Inglaterra, há uma equipa comandada por um português a respirar melhor. O Hull City de Marco Silva venceu o Bournemouth na estreia do treinador na Premier League (já tinha ganho para a Taça de Inglaterra e perdido com o ManUtd para a Taça da Liga), a primeira vitória desde o início de novembro! E já fugiu ao último lugar da Premier League.

De Inglaterra para França, momentos felizes para mais dois treinadores portugueses, um que olha de cima para os rivais e outro a dar esperança a uma equipa de aflitos.

O Mónaco tinha pela frente uma visita teoricamente difícil a um Marselha em recuperação, mas rapidamente a transformou numa vitória tranquila, capitalizando o nulo do líder Nice a abrir o domingo, frente ao Metz. 2-0 aos 21 minutos, depois o português Rolando ainda a reduzir mas a seguir um bis de Bernardo Silva, incluindo um golo de cabeça do internacional português. Veja aqui os golos.

4-1 e a equipa orientada por Leonardo Jardim já está na frente, em igualdade pontual com o Nice. A máquina goleadora de Jardim, nada menos que 60 golos marcados em 20 jornadas, segue de vento em popa. Em Marselha, no final, houve festa no balneário, e não é para menos.

No sábado, Sérgio Conceição tinha conseguido com o Nantes a terceira vitória seguida, esta na visita ao Toulouse, e vê a linha de água cada vez mais longe, está quatro pontos acima da zona de despromoção.

Em Itália, a Juventus perdeu e isso é notícia. E perdeu frente a outro treinador português,mais um dos cinco técnicos nacionais nas grandes Ligas protagonista nesta ronda. A Fiorentina de Paulo Sousa bateu o pé à «Vecchia Signora», venceu por 2-1 e reanimou a Serie A. A Juve também tem um jogo a menos, mas por agora só tem um ponto de vantagem sobre a Roma.

Dois mitos e um herdeiro

A Roma venceu na visita à Udinese com um golo de Nainggolan, num jogo que assinalou mais um marco incrível para Francesco Totti. O 10 entrou aos 63 minutos e entra no 25º ano civil a jogar na Serie A! De 1993 até hoje, e continua a somar.

Não foi o único mito do dia na Serie A. Maradona foi a Nápoles, o que é sempre um acontecimento. Não o esquecem nas bancadas do San Paolo, onde o Nápoles venceu o Pescara, nem «El Pibe» poupa nas declarações de amor à cidade e ao clube. «Nápoles é como a primeira mulher.»

De mitos para promessas, este foi também o fim de semana que assinalou a estreia entre os grandes de um adolescente com apelido famoso. Kluivert, Justin Kluivert, estreou-se pelo Ajax no campeonato holandês. Tem 17 anos, entrou aos 39 minutos, numa altura em que a equipa tem vários jogadores ausentes, entre lesionados e a CAN. Com 22 anos e uns meses de intervalo em relação ao pai, um dos avançados míticos da «Laranja».

No meio de tudo isto, este foi também o fim de semana em que arrancou a CAN. Com a Bundesliga parada, Aubameyang não parou de marcar golos. O avançado do Borussia Dortmund apontou o primeiro da edição deste ano da grande competição africana de seleções, mas não chegou para vencer a estreante Guiné-Bissau, única representante dos PALOP na prova, que empatou num golo de Juary Soares, jogador do Mafra.

O Burkina Faso de Paulo Duarte também empatou, tal como a favorita Argélia, de Brahimi. Só ao quarto jogo houve uma vitória, do Senegal sobre a Tunísia. Vai continuar, em África por esta altura todos os dias são domingo.