Benfica-Anderlecht, 1-1

18 de maio de 1983

Estádio da Luz, em Lisboa

Nem a derrota no Heysel na primeira mão abalou a confiança dos adeptos, no regresso do Benfica e de Portugal a uma final europeia 15 anos depois, a primeira no tempo em que o futebol na televisão já se via a cores. Aquela que foi até agora a única presença encarnada numa decisão da Taça UEFA, então a duas mãos, era o ponto final numa época de entusiasmo do primeiro Benfica de Sven-Goran Eriksson, campeão nacional e vencedor da Taça nessa época.

Em Bruxelas, decidiu um golo solitário de Brylle, aos 29 minutos. Quinze dias mais tarde, a Luz encheu à espera da consagração daquela equipa. Não entrou pessimismo. «O ambiente de festa não ajudou, os adeptos achavam que recuperar da desvantagem eram favas contadas», lembra Shéu, em depoimento no livro do Maisfutebol Sport Europa e Benfica.

Shéu foi o primeiro grande protagonista da noite. À meia hora, um raide de Chalana pela esquerda colocou a bola em Humberto, que amorteceu. O médio defensivo acreditou que podia acontecer, posicionou-se na área e chutou para o 1-0.

Os astros alinhavam-se, acreditava a Luz. E essa convicção pareceu contagiar até a equipa. Sete minutos mais tarde. Uma bola dividida resultou num contra-ataque rápido do Anderlecht. E no golo do empate, na cabeça de Lozano. Bastos Lopes: «Ainda nós estávamos a festejar, a acertar posições, e eles em três toques empataram; nós, tão experientes, a sofrermos um golo tão ingénuo, de miúdos.»

Faltava muito tempo, mas o Benfica não conseguiu dar a volta ao jogo. Ficou a lamber feridas. Contestaram-se opções de Eriksson, que mudou rotinas e fez mudanças no onze. João Alves só foi opção para a segunda parte, Veloso jogou de início, em vez de Álvaro, quando vinha de uma lesão prolongada. Filipovic também começou no banco, mas porque estava com problemas físicos.

Há muitos caminhos possíveis para explicar o que falhou, mas talvez seja melhor começar mais atrás. É o que acabam por fazer todos os protagonistas daquela final, depois de rebobinar todo o filme. Filipovic: «Perdemos a Taça em Bruxelas, falhámos muitas oportunidades.»

Onze do Benfica na segunda mão: Bento; Pietra, Humberto Coelho «cap», António Bastos Lopes e Veloso (João Alves, 62m); Shéu (Filipovic, 50m), Carlos Manuel, Stromberg e Chalana; Diamantino e Nené.