Benfica-Barcelona, 3-2

31 de maio de 1961

Estádio Wankdorf, em Berna

Berna foi alma, fortuna e resistência até à festa que desaguou no banho de multidão em plena pista do aeroporto de Lisboa. Um momento que define a primeira vez do Benfica, pela voz de José Augusto, quando o Benfica vencia por 3-1. «Há uma bola que bate no poste, percorre a linha de golo, bate no outro e vai para as mãos de Costa Pereira.»

Aquele Benfica de Bella Guttmann era uma combinação de talento, experiência e garra. Ainda não era o Benfica de Eusébio, então um miúdo de 19 anos chegado há pouco de Moçambique, a quem a UEFA não autorizou a inscrição na Taça dos Campeões Europeus.

O Barcelona tinha outro estatuto, alicerçado no facto de ter feito o mais difícil para chegar a Berna: eliminou logo na primeira eliminatória o pentacampeão europeu Real Madrid. A equipa blaugrana que vivia da magia húngara de Kocsis, Kubala ou Czibor era favorita e começou a ganhar. Um voo de Kocsis, aos 20 minutos, fez o 1-0.

O capitão Águas encostou para o 1-1 dez minutos depois e, logo a seguir, um desses momentos que definiu para que lado estava a sorte. Um desvio de Vergés fez a bola levar a direção da baliza, Ramallets encolheu-se. Entrou ou não? De novo José Augusto, num depoimento ao Maisfutebol para o livro « Sport Europa e Benfica»: «Também fomos felizes no autogolo de Vergés. O árbitro validou a jogada, viu que a bola bateu dentro e saiu.» 2-1.

Não houve muito quem visse o que se seguiu. A televisão francesa, responsável pela transmissão, passou a fazer interrupções constantes na segunda parte, para acompanhar John F. Kennedy, o presidente norte-americano, que chegava nesse dia a Paris. Para quem seguia em Portugal restava colar o ouvido à rádio.

O que ouviram foi o relato do enorme pontapé de Coluna para o 3-1. E, depois, o lento passar do tempo. Czibor ainda reduziu, mas o Benfica resistiu. «Olhávamos para o relógio e os três minutos que faltavam pareciam 30. Nunca um jogo custou tanto a passar.» Quando passou, o Benfica era campeão europeu, mesmo que poucos tenham visto José Águas levantar a Taça.

Onze do Benfica: Costa Pereira; Mário João e Ângelo; Neto, Germano e Cruz; José Augusto, Santana, Águas «cap», Coluna e Cavém.