PSV-Benfica, 0-0 (6-5 gp)

25 de maio de 1988

Neckarstadion, em Estugarda

Van Breukelen não adivinhou. Foi mais do que instinto a forma como o guarda-redes defendeu o penalty de Veloso que deu a Taça dos Campeões Europeu ao PSV e deixou o Benfica a chorar a quinta final perdida, no regresso à decisão da prova maior do futebol europeu, 20 anos depois.

É o próprio Van Breukelen quem o revela ao Maisfutebol, para o livro Sport Europa e Benfica, de 2006: «Em conjunto com o meu treinador no PSV tinha um pequeno livro onde apontávamos todos os penalties que víamos na TV. Num torneio em Espanha ele viu o Veloso marcar para a direita. Quando me lancei percebi logo que tinha feito a boa escolha e a bola foi fácil.»

Para trás ficavam 120 minutos que não entram na grande história do futebol. Sem rodeios, o então capitão Shéu resume assim Estugarda: «Foi das finais mais feias que houve, mas taticamente das mais bem jogadas. Estava tudo trancado!»

Do outro lado, Ronald Koeman conta uma conversa no relvado que também diz muito: «Em Estugarda viu-se um mau espetáculo por culpa dos dois, mas mais do Benfica. É normal ver um avançado pressionar, impedindo que os defesas saiam a jogar. Mas nunca tinha visto alguém atrás de mim pelo campo todo, como o Rui Águas. A meio do jogo perguntei-lhe: «Gostas de jogar assim? Ir comigo para todo o lado? E ele respondeu: «Faço o que me pedem, é o meu trabalho.»

Aquele PSV de Guus Hiddink era uma equipa forte e vários dos seus jogadores no verão seriam campeões da Europa com a Holanda. Aquele Benfica era uma equipa no limite, que chegava a Estugarda debilitada pela lesão de Diamantino, quatro dias antes. Toni montou um onze de tração atrás, a tentar a sorte. «As finais não se jogam, ganham-se. E num só jogo tudo podia acontecer», defende o treinador.

Aconteceu então um 0-0 em 120 minutos, animado para o folclore da história por aquelas imagens insólitas de jogadores do Benfica a perderem as botas em campo. O equipamento era novo e, recorda Shéu, nem todos conheciam o truque de molhar as chuteiras para evitar que as meias deslizassem. E depois aconteceram os penalties. Cinco para cada lado, ninguém falhou. A seguir Ator Janssen não desperdiçou o sexto, para o lado do PSV. Por fim chegou a vez de Veloso. E de Van Breukelen.

Onze do Benfica: Silvino; Dito, Veloso, Mozer e Álvaro; Elzo e Shéu «cap»; Chiquinho e Pacheco; Rui Águas (Vando, 55m) e Magnusson (Hajry, 111m)