«Acho que o jogo em casa foi o mais importante da minha carreira. O que me marcou mais foi o DVD mostrado à equipa no hotel, com imagens das nossas conquistas dos últimos anos. Ficámos com enorme vontade de entrar em campo. Quando marquei, perto do fim, senti uma emoção enorme, mas não ia valer de nada se não passássemos. Em Liverpool, no quarto, disse ao Geovanni que ele só precisava de jogar 45 minutos, se fizesse um golo nós segurávamos tudo lá atrás. Sabíamos que aguentando os primeiros 20 minutos de cada parte ganhávamos. No início tivemos a máxima atenção. Pelo tamanho, um jogador como Crouch cria muitas dificuldades, mas estávamos numa noite super. Acho que até o Léo foi maior do que o Crouch. Ao intervalo, Koeman disse-nos para mantermos a calma e foi o que fizemos. Já antes do 2-0 tínhamos percebido que ia dar tudo certo. Ficámos impressionadíssimos com o ambiente, e mais ainda no final, quando os adeptos bateram palmas às duas equipas. É bonito ver uma equipa ser afastada da Liga dos Campeões e o estádio todo a aplaudir e cantar para os seus jogadores». Foi assim que Luisão viu a eliminatória com o Liverpool, em 2005/06. O relato está no livro do Maisfutebol, «Sport Europa e Benfica».

Ainda antes de o treino chegar a meio Petit agarrou-se à coxa e fez um esgar de dor. A menos de 24 horas do tira-teimas com o Liverpool, o Benfica perdia um jogador determinante. Era a quarta vez que o Benfica media forças com os «reds». Até ali, sempre com insucesso.

Sem Petit, Ronald Koeman reeditou o modelo que em Dezembro lhe permitira surpreender o Manchester United: Geovanni como avançado móvel e Nuno Gomes como médio adiantado, com uma tarefa inabitual. «Atenção ao Xabi Alonso, ele não pode sair a jogar de trás». Alertou o treinador na cabina.

O Benfica foi pressionado, sobreviveu a alguns sustos e viu Simão marcar aos 35 minutos. Depois do 1-0 de Lisboa, nova vantagem. O inferno arrefeceu nesse instante. Da resistência à afirmação, Miccoli ainda fez o 2-0. «Nem sempre ganham os que teem mais dinheiro», resumiu Koeman, sorridente. A 8 de Março de 2006, o Benfica acabava de enganar o Liverpool de Benitez e seguia em frente na Liga dos Campeões.

O Benfica jogou assim: Moretto; Alcides, Luisão, Anderson e Léo; Manuel Fernandes, Beto e Nuno Gomes; Robert, Geovanni e Simão. Jogaram ainda Miccoli, Ricardo Rocha e Karagounis. Os golos foram marcados por Simão (35) e Miccoli (88).