O futebol profissional português sofre de graves problemas financeiros. Esta é a principal conclusão saída do estudo «As Finanças do Futebol Profissional», que avança com um prejuízo global de 70 milhões de euros relativamente à época 2002/03.
«Quando se analisa a rentabilidade da Superliga Galp Energia verificamos uma evolução negativa dos resultados líquidos relativamente à situação registada na época anterior (- 70 milhões de euros de prejuízos em 2002/03 face aos 57 milhões de euros em 2001/02), com o número de equipas que apresentaram resultados positivos a diminuir de seis para cinco (Guimarães, Paços de Ferreira, Gil Vicente, Moreirense e Beira Mar)», pode ler-se no referido estudo da Deloitte & Touche, que fala ainda do «sobreendividamento de 8 das 18 equipas que participaram na Superliga».
Quanto às receitas da Superliga, decresceram em 20,2 milhões de euros (foram de 198,4 milhões de euros em 2002/03, com 69 por cento das receitas a serem geradas por F.C. Porto, Benfica, Sporting e Boavista). E, no que diz respeito ao desempenho de cada clube, o F.C. Porto voltou a ser líder incontestado, com 54,4 milhões de euros, seguindo-se o Benfica (41,5 milhões de euros), o Sporting (27,3 milhões de euros) e o Boavista (14,4 milhões de euros).
Os custos da Superliga diminuíram também de 275 para 268 milhões de euros. Uma descida que, não chegou, no entanto, para cobrir a considerável diminuição das receitas. Mais uma vez, o F.C. Porto liderou (72,4 milhões de euros). Benfica (48 milhões de euros) e o Sporting (54,6 milhões de euros) ficaram nos postos seguintes.
Fazendo as contas aos prejuízos, o Sporting apresentou a situação mais crítica, aparecendo no cimo da lista com 27,3 milhões de euros, o que significa um prejuízo médio diário de 75 mil euros. Seguiram-se o F.C. Porto (18 milhões de euros), o Benfica (65,6 milhões de euros) e o Boavista (6,4 milhões de euros).
Estádios vazios
Outro dos dados curiosos diz respeito à assistência dos jogos nacionais. O número de espectadores pagantes decresceu 9 por cento, de acordo com o estudo. Uma diminuição que pode ser, em parte, justificada com o facto de algumas das equipas terem jogado em recintos fora da cidade de origem.
Ainda assim, os números relativos à ocupação dos estádios podem dizer-se preocupantes. Na época de 2002/03, a taxa média de ocupação foi de apenas 34 por cento, com o F.C. Porto a liderar mais uma vez, ao somar 29 por cento dos bilhetes vendidos na Superliga.
De registar ainda que, nas contas dos clubes, as receitas desportivas sofreram uma contracção. Pelo contrário, as receitas de publicidade e merchandising foram as que mais aumentaram, registando um acréscimo de 43 por cento.