Apesar do muito dinheiro que recebem, só metade dos clubes da Premier League conseguiram manter as contas no verde em 2011/12. O lucro global da competição, antes da venda de jogadores e dos custos financeiros, é de apenas 4 por cento das receitas. Pouco, para uma atividade que gera milhões.

A explicação é simples: os clubes ingleses gastam muito. É por isso que depois de contabilizados todos os custos (nomeadamente investimento em jogadores) os prejuízos aparecem. O quadro fica mais negro, muito mais. De acordo com o relatório anual da Deloitte sobre o futebol profissional inglês, são cerca de 290 milhões de euros. Menos do que os 440 da época anterior, em parte devido à contenção (relativa¿) de Manchester United e Chelsea. Só oito clubes apresentaram de facto resultados líquidos positivos.

No segundo campeonato inglês a situação é pior: só três clubes chegaram ao verde depois de todos os custos e receitas incluídos. Mesmo assim no conjunto o prejuízo dos clubes diminuiu para 185 milhões de euros. Na época anterior tinha ficado em 222 milhões!

Em média, os clubes da Premier League gastaram em salários, por ano, cerca de 100 milhões de euros. Um valor que subiu 4 por cento em relação à época anterior. O M. United foi quem pagou melhor, um valor próximo dos 237 milhões de euros. O Swansea foi o mais modesto, com 41 milhões de euros. Seis clubes ficaram acima da média.

A percentagem de dinheiro gasto em salários é o principal indicador da saúde financeira. A competição está nos 71 por cento. O Norwich ficou com 49 por cento (muito bom!), o Aston Villa tornou-se motivo de preocupação ao atingir os 94 por cento.

Apesar de o estudo da Deloitte dizer respeito a 2011/12, a consultora prevê que esta época os custos com salários tenham voltado a subir na Premier League, passando, em média, os 100 milhões de euros por clube.

Os clubes cortaram na aquisição de jogadores, sobretudo vindos de fora do campeonato inglês.

Ir ao futebol está mais barato

Muito do dinheiro investido nos clubes ingleses, nos últimos anos, tem ido para melhoramentos nos estádios e nos centros de treino.

Esta aposta, a par da atenção ao preço dos bilhetes e dos lugares de época, tem permitido manter o valor de bilheteira. No entanto, Arsenal, Chelsea e Manchester United significam metade do valor conseguido com a venda de ingressos! Um sinal de que existe ainda muito a fazer por outros emblemas nesta área. Em média, cada espectador permitiu uma receita de 34 libras, cerca de 40 euros. Aqui também existem diferenças significativas, com o Chelsea a ficar com 66 libras e o Wigan apenas com 10, pouco mais de 11 euros. O valor médio aumentou apenas 1,50 libras desde 2007/08. Em termos reais, regista o estudo, é hoje mais barato ir ao futebol.

Na última época, diz a Deloitte, o número de espectadores cresceu 4 por cento, para quase 36 mil, em média, em cada jogo. A ocupação dos estádios rondou «os 95 por cento», o que é «um novo recorde na Premier League».

Do lado da dívida líquida nem tudo são rosas e os números de 2012 praticamente não mexeram em relação à época anterior: 2,8 mil milhões de euros. Quase o valor de receitas gerado numa época! Grande parte deste valor foi investido pelos milionários que compraram diversos clubes ao longo dos últimos anos. Estão neste caso, entre outros, Chelsea, Newcastle e Queens Park Rangers. Excetuando este tipo de empréstimos, a dívida equivale a cerca de 40 por cento das receitas geradas por ano.

A consultora espera que a subida das receitas de televisão e o reforçado controlo financeiro contribuirão para fazer diminuir as dívidas dos clubes, tornando-os mais equilibrados e saudáveis. Será?