O mercado europeu de futebol gerou lucros superiores a 22 mil milhões de euros, com as cinco maiores ligas europeias a representarem 54% do total das receitas, indica um estudo divulgado pela consultora Deloitte, que analisa a época 2014/15.

A liga inglesa, que registou um aumento de receitas de 3%, lidera a lista, com um encaixe de 4,4 mil milhões de euros, seguindo-se a liga alemã, que teve um crescimento de 5,5%, com 2,4 mil milhões de euros.

A título de curiosidade, refira-se que esta é a 25.ª edição do estudo anual da Delloite sobre as finanças do futebol. A primeira aconteceu em 1991/92 e as receitas de todos os clubes da primeira divisão inglesa (antecessora da Premier League) rondam os 219 milhões de euros. Na época 2014/15 seis clubes que conseguiram, cada um, ultrapassar esse valor.

Mas nem tudo foram boas notícias em Inglaterra. As receitas do Chelsea baixaram 6 milhões de euros, da época 2013/14 para 2014/15, um total de 2% de diferença. No Manchester United, a queda chegou aos 9%.

O relatório realça ainda que o Leicester City, que este ano se sagrou campeão da Premier League, era, no ano passado, o 12.º clube em termos de receitas, e o terceiro com os salários mais baixos, e, recorde-se, lutou pela permanência na Premier League.

A terceira posição no ranking da ligas mais lucrativas é ocupada pela liga espanhola, que registou uma faturação de 2,1 mil milhões de euros, com um crescimento de 6,6%.

O estudo admite que «a tendência para a venda coletiva dos direitos de transmissão deverá aumentar significativamente as receitas dos contratos de transmissão para os clubes, e poderá catapultar a liga espanhola para o segundo lugar (…) destronando a liga alemã».

Os clubes da liga italiana registaram um aumento de 5% das receitas, com lucros de 1,8 mil milhões de euros em 2014/15.

Quatro das cinco maiores ligas registaram um aumento das receitas. A exceção é a França. As receitas da liga francesa registaram uma queda de 80 milhões de euros (5%), para 1,4 mil milhões de euros.

De acordo com a Deloitte, esta diminuição foi, em parte, provocada «pela diminuição das receitas de patrocínio do Mónaco [124 milhões de euros]», clube que nas duas últimas épocas foi orientado pelo português Leonardo Jardim.

O estudo refere que «a equilibrar este cenário está o aumento de 15% das receitas por jogo [21 milhões de euros], no seguimento das obras de requalificação efetuadas aos estádios a concurso para o Euro2016, que resultaram numa assistência média de 22.329 pessoas, a mais elevada da última década».

Na sexta posição surge a liga russa, que registou uma receita total de 803 milhões de euros.

As despesas salariais agregadas das cinco maiores ligas europeias – Inglaterra, Alemanha, Espanha, Itália e França - aumentaram 10%, ultrapassando os 7,4 mil milhões de euros na época de 2014/15.

De acordo com o estudo, os custos salariais dos clubes da liga inglesa «aumentaram 7%, situando-se nos 2,7 mil milhões de euros em 2014/15, valor superior ao somatório dos gastos efetuados pelos clubes que integram a liga espanhola e a liga alemã».

No capítulo dos custos salariais, a Deloitte refere que «à exceção da liga italiana, todas as restantes ligas do top 5 registaram rácios de receitas/remunerações inferiores ao limite de 70% utilizado pela UEFA para avaliar e monitorizar a sustentabilidade financeira dos clubes».

Segundo o estudo, com os novos ciclos de acordos de direitos de transmissão, realizados no início das próximas duas épocas com as cinco principais ligas europeias, o mercado europeu de futebol deverá ultrapassar os 25 mil milhões de euros na época 2016/2017.

De acordo com a Deloitte, as cinco principais ligas registaram aumentos de receitas nas transmissões televisivas e nos patrocínios. No que diz respeito a esta última rubrica, os patrocínios, a consultora realça o papel das empresas de comunicações, que têm papel de destaque nos patrocínios dos clubes, dando como exemplo, a Liga Portuguesa.

No que se refere aos níveis de assistência, a liga alemã registou a maior média de todas as ligas do mundo, com praticamente 42.700 pessoas por jogo e uma taxa de utilização de estádio próxima dos 90%.

No entanto, foi a liga inglesa que registou a maior percentagem de utilização, com 96% (assistência média de 36.200 pessoas por jogo), com 14 dos seus 20 clubes a atingirem uma utilização superior a 95%.