O FC Porto decidiu propor aos obrigacionistas do empréstimo que vence a 9 de junho a prorrogação do prazo por um ano. A decisão foi anunciada pelo administrador financeiro da SAD azul e branca, Fernando Gomes. 

«O que faríamos normalmente seria o lançamento de um novo empréstimo obrigacionista no mesmo
valor e com a mesma taxa [4,5%], que é bastante boa. Já fizemos sete e sempre tivemos procura bastante superior à oferta. Neste último, superou em 2,5% os 35 milhões de euros. Mas entendemos que o momento é demasiado incerto para tentarmos essa operação», afirmou ao O Jogo o dirigente. 

Neste momento «incerto» provocado pela pandemia e a consequente paralisação de todas as competições, Fernando Gomes entende ser demasiado arriscado manter os prazos inicialmente delineados. O clube correria o risco, diz, de não ter uma resposta positiva por parte dos pequenos investidores - os que financiam a entidade normalmente com juros acima dos praticados pela banca
e pelos fundos comuns. 

Se isso ocorresse, a SAD do FC Porto teria de pagar aos anteriores investidores a diferença entre o montante recebido e os 35 milhões de euros (valor do empréstimo obrigacionista). É isso que Fernando Gomes pretende evitar ao adiar para junho de 2021 a data do eventual reembolso. Em cima da mesa está outra data: janeiro de 2021, período de transferências. 

Este plano terá de ser aprovado em assembleia de obrigacionistas. O FC Porto apresentou capitais próprios negativos de 87 milhões de euros no último Relatório e Contas.

Apesar do corte salarial e da opção de enviar vários funcionários para lay-off, Fernando Gomes garante que os salários dos próximos meses estão assegurados, mas sabe que as vendas de ativos no verão - futebolistas - serão fortemente limitadas pelo quadro de gravíssima crise económica. 

Come reagirá a UEFA a estas decisões da SAD do FC Porto? Com compreensão, acredita Fernando Gomes. 

«Nos contactos que eu e o presidente vamos mantendo, e que vêm de antes da pandemia,
foi-nos dito que não haverá alteração à legislação do fairplay financeiro, mas que este contexto anormal será tido em consideração. Não corremos o risco de ser penalizados desde que provemos uma relação entre a pandemia e as nossas dificuldades, coisa que não será difícil.»