Flávio Paixão deu pela primeira vez nas vistas quando foi contratado pelo F.C. Porto. Ao lado do irmão Marco, deixou a natural Sesimbra para se lançar no recém-criado F.C. Porto B. Foi o primeiro salto na carreira, numa altura em que o futebol ainda dividia espaço na vida dos jovens com a moda.

A contratação tomou até espaço na imprensa por isso: para além de serem futebolistas, eram modelos com uma carreira promissora. Na altura eram representados pela DXL, uma das maiores agências de manequins do país. O F.C. Porto, porém, levou à quebra deste contrato: ficou com a exclusividade.

Ora por isso passou a representar os manos Paixão. «Do F.C. Porto só posso falar bem. Contratou-nos para sermos profissionais e quis ficar com o controlo da nossa carreira de modelos. Faz sentido, estávamos ali para jogar à bola e não aceitava que nos distraíssemos com outras coisas.»

A carreira, porém, terminou aí. «Tínhamos tudo assinado para participar num desfile de moda grande, o Moda Évora, mas o F.C. Porto falou com o advogado, que exigiu à organização do evento o dobro do que tínhamos acordado. Claro que eles não aceitaram e a partir daí nunca mais fizemos nada.»

Flávio Paixão, com 60 mil a aplaudi-lo (vídeo)

No entanto o bichinho da moda não morreu. «Tanto eu quanto o meu irmão gostamos disso, em desfiles ou para fotografia, tantos faz, gostamos da moda e divertíamo-nos. Por isso continuamos disponíveis e se no futuro surgir alguma oportunidade, voltamos às passerelles.»

No currículo contam com vários trabalhos mediáticos. Antes de assinarem pelo F.C. Porto, por exemplo, eram destaque num anúncio de televisão da Vodafone Internacional, que estava a passar em Itália. «Curiosamente o F.C. Porto assinou connosco depois de fazermos um teste na Lázio.»

Flávio não lamenta, de resto, que os dragões exigissem um ponto final na carreira. «As pessoas no F.C. Porto são super-profissionais e trabalham sempre a cem por cento. A exigência que fizeram é natural, queriam ficar com os nossos direitos de imagem e queriam que nos concentrássemos no futebol.»

Flávio Paixão, 43 graus e nem uma gota de água

«Aprendemos muito naquele ano no F.C. Porto. Trabalhámos com o Domingos, que nos foi ver jogar a Sesimbra, que recomendou a nossa contratação e que nos ensinou imenso», diz. «Tínhamos 20 anos e crescemos em todos os aspectos: fossem eles técnicos, tácticos e físicos», garante.

Provavelmente foi essa época que permitiu o salto. Depois do F.C. Porto B foram para Espanha, onde passaram três anos, seguindo para o Hamilton, da liga escocesa. À custa de golos e assistências, tornaram-se notícia. «Os anos na Escócia foram espectaculares, mas estava na altura de mudar.»

Aos 26 anos separaram-se: Flávio partiu para o Irão, onde já marcou dois golos e tem sido titular no Traktor, o irmão Marco continua em Portugal à espera de um clube para jogar. Enquanto isso, não fecham a porta à moda. «Nunca se sabe o que o futuro nos reserva. Nós gostávamos de voltar.»