A seleção nacional prepara a dupla jornada com Israel e Luxemburgo e Paulo Bento vê-se privado do seu ponta-de-lança: Hélder Postiga cumpre castigo no primeiro jogo. Éder regressou à convocatória mas falhou o último compromisso do Sp. Braga. Jesualdo Ferreira acha que o avançado não está nas melhores condições físicas.

«Vai falhar o Nacional e do meu ponto de vista não estará apto para atuar por Portugal. Mas é uma satisfação que o Éder tinha sido convocado. Provavelmente, o selecionador quer observá-lo», disse o técnico minhoto.

Paulo Bento ficou com Éder. O avançado treinou de forma condicionada até esta quarta-feira. «Quando à terça não podem jogar na seleção e aos domingos podem jogar pelos clubes, falamos no sentido inverso. Quando não pode jogar ao domingo num clube, há um espaço temporal de quatro dias para jogar sexta ou de sete para jogar pela seleção na terça. Por isso, se o Éder reunir condições para ser utilizado, sê-lo-á, se não reunir, não será», respondeu o selecionador.

No grupo estão ainda Hugo Almeida, provável titular, e Nélson Oliveira. Cristiano Ronaldo seria uma opção para o centro do ataque mas admite que não gosta de jogar por ali.

Será que o campo de recrutamento é assim tão curto? Não há mais avançados para a seleção?

O Maisfutebol fez as malas e partiu para outros destinos, outros focos de possível recrutamento. Há portugueses a marcar golos lá por fora e a sonhar com a seleção nacional.

Fomos até à Polónia, onde se encontram os principais concorrentes de Cristiano Ronaldo. Marco Paixão tem mais golos marcados que o seu ídolo na temporada 2013/14. Bernardo Vasconcelos atira com outro dado: se a análise fosse desde o início do ano, ele seria o segundo melhor português, atrás de CR7. 24 golos em 2013.

A análise centrou-se, ainda assim, nos números da presente época. São 13 golos para Marco Paixão em 17 jogos com a camisola do Slask Wroclaw. Se o campeonato polaco motivar alguma desconfiança do leitor, injustificada, vire-se para outro dado interessante: 5 golos em 5 jogos na Liga Europa, frente a FK Rudar, Club Brugge e mesmo Sevilha (veja o vídeo no final deste artigo).

«É melhor momento da minha carreira, tive finalmente a oportunidade de jogar num clube com um poder ofensivo grande e acho que tenho boas possibilidades de chegar à seleção. Depende do trabalho de scouting, mas acredito que estão atentos», diz o avançado ao Maisfutebol.

Aos 29 anos, recentemente celebrados, Marco Paixão marca como nunca. E promete não ficar por aqui. «Nesta altura estou a lutar com o Ronaldo, o meu ídolo, o melhor do Mundo. É um orgulho imenso. Não penso marcar tanto como ele, mas espero marcar muitos golos até final da época.»

«Na época passada fiz quinze golos no Chipre mas ali não lhes davam grande valor. Agora continuo a marcar, no campeonato polaco e até na Liga Europa, frente a clubes como Sevilha e Club Brugge. Acho que posso chegar à seleção», remata o ponta-de-lança português.

Danny é o terceiro na lista, com um registo (12 golos) assinalável para um jogador que não anda regularmente pela área contrária. Cristiano Ronaldo tem os mesmos 12, em menos jogos, surgindo o provável titular Hugo Almeida com 7 golos em 8 jogos pelo Besiktas.

«Clubes não apostam em avançados portugueses»

Bernardo Vasconcelos é o próximo nome entre os não convocados. Tem 34 anos, acredita que velhos são os trapos mas percebeque a porta está praticamente fechada para si. Ainda assim, pede uma reflexão profunda sobre o tema.

«Se a reportagem fosse sobre os golos marcados em 2013, só estava atrás do Ronaldo. Sinceramente, estou ao meu melhor nível e acho que se devia olhar para números, não para a idade. Sinto-me tão bem como quando tinha 28 anos», diz o experiente avançado ao Maisfutebol.

João Tomás é um fator de desmotivação. Ele marcou, marcou e marcou em Portugal até desistir. A seleção era uma miragem. «Por um lado, há a política de que aos 33/34 anos, um jogador já morreu. Depois, os clubes não apostam em avançados portugueses, sobretudo com as minhas características.»

Alto e forte. Um ponta-de-lança à moda antiga. «Acho que podia ter sido muito útil aos clubes portugueses, sinceramente. Jogo muito com o corpo e agora tenho experiência e ratice para fazê-lo da melhor forma. Mas comecei a jogar mais tarde, só aos 18 anos, e é difícil para um jogador que não foi às camadas jovens da seleção entrar no grupo mais tarde.»

«Sinceramente? Acho, tenho a certeza de que podia ajudar a seleção nacional, que seria útil. É o que sinto. Mas sei que é muito difícil. Vou mantendo a esperança e saliento que há avançados portugueses com qualidade aqui por fora. O Orlando Sá e o Marco Paixão, por exemplo. Conheço melhor o Marco, um avançado mais móvel, e acho que merece chegar à seleção», remata o goleador do Zawinsza.

Pelo meio surge a exceção na lista do Maisfutebol. David Caiado é médio ofensivo, não avançado. Marcou seis golos em dezasseis jogos pelo Beroe, na Bulgária. Nos últimos anos, tem manifestado o desejo de representar a seleção do Luxemburgo, o país que o viu nascer. Sem sucesso até agora.

Orlando Sá a torcer no Chipre

Orlando Sá. Cinco golos em cinco jogos recuperam um avançado com passado na seleção. Tem 25 anos e espera que Paulo Bento veja o campeonato cipriota, onde tem brilhado com a camisola do AEL Limassol. «Como profissional que é, penso que o mister Paulo Bento acompanha todos os jogadores que possam vir a interessar à seleção», disse o avançado ao Maisfutebol, recentemente.

Nélson Oliveira está no grupo e tem quatro golos marcados em França, mais que Henrique (Ermis), Ricardo Vaz Tê (West Ham) e Hélder Postiga (Valência). Três tentos para este trios.

Henrique tem 33 anos, 3 golos esta época e 13 na anterior. O avançado está no Chipre, enquanto Vaz Tê e Postiga marcam em Inglaterra e Espanha. Ou seja, num patamar superior para a generalidade da opinião pública.

Hélder Postiga, castigado para o jogo com Israel, vai deixando indicações interessantes no Valência. Está com o grupo de Paulo Bento. Ricardo Vaz Tê não está mas podia. Tem 27 anos, já superou um punhado de lesões e é sempre um nome a ter em conta.

Melhores marcadores portugueses no estrangeiro

1. Marco Paixão, Slask Wroclaw (Polónia); 17 jogos, 13 golos
2. Cristiano Ronaldo, Real Madrid (Espanha); 10 jogos, 12 golos
3. Danny, Zenit S. Petersburgo (Rússia); 19 jogos, 12 golos
4. Hugo Almeida, Besiktas (Turquia); 8 jogos, 7 golos
5. Bernardo Vasconcelos, Zawinsza (Polónia); 10 jogos, 6 golos
6. David Caiado, Beroe (Bulgária); 16 jogos, 6 golos
7. Orlando Sá, AEL Limassol (Chipre); 5 jogos, 5 golos
8. Nélson Oliveira, Rennes (França); 9 jogos, 4 golos
9. Henrique, Ermis (Chipre); 5 jogos, 3 golos
10. Ricardo Vaz Tê, West Ham (Inglaterra); 7 jogos, 3 golos
11. Hélder Postiga, Valência (Espanha); 8 jogos, 3 golos