O Maisfutebol desafiou os jogadores e treinadores portugueses que atuam no estrangeiro, em vários cantos do mundo, a relatar as suas experiências para os nossos leitores. São as crónicas Made in Portugal:

FONSECA, FC BRASOV (ROMÉNIA)

«Olá a todos,

Chamo-me Diogo Fonseca, mais conhecido no mundo do futebol somente por Fonseca, sou ponta de lança, tenho 28 anos e sou natural de Ponta Delgada, capital do Arquipélago dos Açores e de uma das ilhas mais bonitas do mundo, São Miguel!

Como o meu pai também foi jogador e praticamente toda a gente em São Miguel o conhece por Sr. Fonseca, desde criança sempre o acompanhei enquanto ainda jogava e desde esses tempos ‘agarrei-me’” ao seu apelido...a melhor homenagem que pude fazer-lhe em termos futebolísticos foi continuar a carregar o seu nome nas minhas costas, o que me enche de orgulho.

Foi-me proposto através do ‘Maisfutebol’ o desafio de dar a conhecer a todos vós um pouco mais acerca da minha pessoa, do meu percurso a nível profissional, relatos das minhas vivências e peripécias e da minha aventura na Roménia, desafio este que aceitei prontamente e sem hesitação.

Desde criança que a minha grande paixão na vida é o futebol e, quando iniciei a minha formação no Clube União Micaelense, o meu único e grande objetivo em mente era chegar a profissional.

Passados dez anos de carreira a nível profissional percebo que o mundo do futebol marca a vida de um jogador, mas acima de tudo a vida de um homem.

Aprendi que no futebol nem tudo é um mar de rosas, que as dificuldades fazem-nos crescer e amadurecer dentro e fora do campo.

Ordenados em atraso que te ensinam a gerir melhor o dinheiro, a distância que te ensina a valorizar mais e melhor a tua família e amigos, amigos esses que no mundo do futebol são muito poucos, já que são poucos os que conseguem ficar para o resto da vida.

Somente o trabalho e a dedicação não chegam, a existência de demasiados interesses fora do terreno de jogo prejudica as carreiras e sonhos de milhares de jogadores por todo o lado.

O futebol alimenta sonhos e esperanças e, como em tudo na vida, existe o lado negativo e positivo. Graças ao futebol tive a oportunidade de estrear-me na Primeira Liga com 18 anos pelo Santa Clara, representar com todo o orgulho a Seleção Nacional Portuguesa em competições internacionais sub-19, jogar a Taça UEFA e finais da Taça e Supertaça de Portugal pelo Vitória de Setúbal.

Experienciar uma subida de divisão pelo C.D. Feirense, ser jogador do Boavista FC, clube que guardo no coração pelo ano que lá passei, pelo ambiente que existe nos jogos, pela forma como fui tratado por adeptos e pessoas do clube, simplesmente fantástico.

Foi por passar por clubes como o Operário dos Açores e Desportivo de Aves que me fizeram acreditar que realmente existe gente séria e cumpridora no futebol.

Ao longo do caminho tive o privilégio de me cruzar com treinadores que me ajudaram a tornar-me num melhor jogador e melhor profissional.

Jogadores e colegas de balneário fenomenais dentro e fora do campo com os quais aprendi muito e que me ajudaram a crescer como homem, pessoas fora do futebol maravilhosas que nunca esquecerei.

Como uma das minhas ambições e objetivos na carreira sempre foi fazer carreira no estrangeiro, este ano abracei um novo desafio ao assinar contrato com o FC Brasov da Roménia e, assim, poder voltar a jogar numa primeira divisão, algo que já perseguia há algum tempo.

Tanto a situação do estado atual como a falta de oportunidades que caracterizam o nosso país levaram-me a procurar melhores condições financeiras e mais oportunidades no estrangeiro, tal como dezenas de colegas de profissão o fizeram.

Não é a primeira experiência que tenho no estrangeiro já que estive dois anos em Espanha, onde joguei no Mallorca (B) e no Granada CF e com aventuras esporádicas pela Bélgica e Tailândia, esta última mais recentemente.

Tem sido até ao momento uma experiência positiva e enriquecedora nestes cinco meses que levo aqui e espero poder fazer uma boa temporada para ganhar o meu espaço e ter melhor sorte do que tive em Portugal.

Na próxima crónica irei escrever mais sobre a Roménia e o FC Brasov.

Um grande abraço a todos os leitores e até breve,

Diogo Fonseca»