O presidente do Eurojust, Ladislav Hamran, confirmou esta terça-feira que Rui Pinto, colaborador do Football Leaks, está a ajudar as autoridades de três países, França, Bélgica e Holanda, revelou em Bruxelas a eurodeputada portuguesa Ana Gomes.

Ana Gomes explicou que, por ocasião da deslocação do presidente da Unidade Europeia de Cooperação Judicial ao Parlamento Europeu para apresentação do relatório anual de 2018 do Eurojust, questionou Hamran sobre o que estava a fazer a agência «relativamente à proteção dos denunciantes e, em particular, no caso de Rui Pinto», visto que o seu processo de extradição da Hungria para Portugal tinha sido conduzido através do Eurojust.

«No exterior, tive uma conversa mais longa com o presidente do Eurojust, que obviamente não vou revelar, mas posso apenas dizer que tive a confirmação que os países que já estão a colaborar com Rui Pinto como denunciante, como «whistleblower», e, portanto, com o estatuto que merece ser protegido são a França, a Bélgica e a Holanda», revelou então a eurodeputada.

Em prisão preventiva desde 22 de março, Rui Pinto, de 30 anos, foi detido na Hungria e entregue às autoridades portuguesas, com base num mandado de detenção europeu, indiciado pela prática de quatro crimes: acesso ilegítimo, violação de segredo, ofensa à pessoa coletiva e extorsão na forma tentada.

«E é aí que eu me questiono: então como é que é? As autoridades portuguesas não querem apurar e deslindar todo o esquema de criminalidade organizada que está por detrás do Football Leaks, como querem as de outros países? Ainda por cima tendo uma principal fonte de informação sob sua custódia», declarou.

Na base do mandado estão acessos aos sistemas informáticos do Sporting e do fundo de investimento Doyen Sports e posterior divulgação de documentos confidenciais, como contratos de futebolistas do clube lisboeta e do então treinador Jorge Jesus, além de outros contratos celebrados entre a Doyen e vários clubes de futebol.