Rui Pinto confirmou esta segunda-feira, no julgamento do processo Football Leaks, que é ele o responsável pela obtenção da informação sobre o caso Luanda Leaks. Por outro lado, o whistleblower nega ser o autor do blogue ‘Mercado de Benfica’.

«O Luanda Leaks sou eu», afirmou o criador da plataforma eletrónica e principal arguido do processo Football Leaks. Pinto explicou depois que o interesse por Angola já vinha de trás e materializou-se com o acesso ao sistema informático da sociedade de advogados PLMJ, nomeadamente, através da caixa de correio eletrónico da advogada Inês Pinto da Costa, que tinha a seu cargo as questões referentes à empresária angolana Isabel dos Santos.

«Não sou eu o criador do ‘Mercado de Benfica’. Era alguém que eu conhecia e ligado ao Football Leaks. O interesse na caixa de correio de João Medeiros [advogado] não era meu», disse depois.

«Eu não sou o autor do ‘Mercado de Benfica’ e tive várias discussões com o autor. A partir do momento que ele conseguiu essa informação, eu queria que ela fosse para o Football Leaks ou para o consórcio de jornalistas e ele, por estupidez ou teimosia, criou o ‘Mercado de Benfica’.»

Rui Pinto continuou: «O ‘Mercado de Benfica’ não era um projeto conjunto. Sempre disse que isso não tinha jeito, porque o Football Leaks não era isso. Tentei convencê-lo, mas ele não quis. Tivemos muitas discussões. Olhando para a divulgação da caixa de correio de João Medeiros, isso foi uma canalhice. Lamento profundamente que aquilo tenha acontecido, mas não vou pedir desculpa por uma coisa que eu não fiz.»

Rui Pinto, de 34 anos, responde por um total de 90 crimes: 68 de acesso indevido, 14 de violação de correspondência, seis de acesso ilegítimo, visando entidades como o Sporting, a Doyen, a sociedade de advogados PLMJ, a Federação Portuguesa de Futebol (FPF) e a Procuradoria-Geral da República (PGR), e ainda por sabotagem informática à SAD do Sporting e por extorsão, na forma tentada. Este último crime diz respeito à Doyen e foi o que levou também à pronúncia do advogado Aníbal Pinto.