No final de 2016, a Federação Portuguesa de Futebol assinou uma parceria com a Sportradar, empresa suíça que se dedica à prevenção e combate à fraude no desporto.

Nesta sexta-feira, Andreas Krannich, diretor executivo para a estratégia e integridade da Sportradar, esteve no Football Talks para explicar mais detalhadamente a importância da existência de uma espécie de guardião que zele pela transparência do futebol.

Durante a intervenção, o responsável enumerou vários casos de corrupção denunciados com a ajuda da empresa, mas realçou as dificuldades para combater com sucesso absoluto um problema global. Por exemplo, a equipa albanesa do Skenderbeu foi afastada da Liga dos Campeões nesta temporada por envolvimento num caso de corrução que a Sportradar já vinha a identificar desde… 2010.

Andreas Krannich referiu que muitos países, para além de não terem legislação específica nesta matéria, não estão preparados para levar a cabo investigações transnacionais e que levantam dúvidas relativas às áreas de jurisdição e cujos centros de comando estão longe dos locais onde são dados os alertas.

Uma complexidade que se manifesta na inoperância de autoridades policiais e governos. «Há uma falha na legislação em muitos países. Há duas semanas, o governo alemão lançou a primeira legislação contra o match fixing», apontou, lembrando um escândalo de 2005 que envolveu o antigo árbitro Rober Hoyzer, que admitiu ter manipulado jogos de várias competições daquele país.

E deu um exemplo flagrante de impunidade de um investidor asiático que resolveu entrar num clube belga com o propósito de ganhar dinheiro através de apostas ilegais. «Ele escapou, mas não deixou a Europa. Foi para a Finlândia, comprou outro clube lá e continuou com o negócio. Foi um embaraço.»

A «dissolução de fronteiras» provocada pelo surgimento da internet acabou por potenciar a proliferação das apostas na forma e no conteúdo e aumentou também o número de agentes interessados no negócio. Para o bem e para o mal. Krannich notou que um resultado combinado não se manifesta apenas pelo resultado final e deu o exemplo de uma equipa que, sendo claramente favorita num jogo, está a vencer por 2-0 aos 10 minutos e, depois, abranda propositadamente. «Match fixing não é só perder um jogo.»

O contributo da Sportradar em números:

- 300 competições monitorizadas de 13 modalidades;

- Mais de 160 mil jogos monitorizados por anos;

- Mais de 2.900 casos detectados de jogos manipulados desde 2009;

- 200 condenações em instâncias desportivas desde 2009;

- 24 condenações nos tribunais civis.