Está montado o «Circo» e, este fim-de-semana, os motores vão começar a roncar. E logo aí haverá novidades. O som será diferente. Apenas uma mudança entre tantas outras num ano que promete ser de revolução na Fórmula 1. Baralhar e voltar a dar. Quem se safa? É a grande dúvida.

Começa este fim-de-semana, na Austrália, aquela que será a mais revolucionária temporada da Fórmula 1 dos últimos anos. A FIA prometeu e cumpriu: a nova Fórmula 1 é mais amiga do ambiente, quer ser mais barata e devolver a imprevisibilidade que Sebastian Vettel e a Red Bull roubaram nos últimos quatro anos. A avaliar pela pré-temporada está a cumprir.

Nesta altura, há mais interrogações do que respostas na cabeça de todos. Sejam leigos na matéria, simples entusiastas, especialistas e, até, nas próprias equipas. São elas que o assumem. Ninguém sabe muito bem em que ponto estão e só no final do GP da Austrália, no circuito de Melbourne, se poderá começar a fazer análises mais concretas.

Até lá é esperar. E estar atento porque ameaça valer muito a pena.

Se está confuso ou se acha que as mudanças não são assim tantas, este artigo foi feito a pensar em si. Em dez perguntas (e respostas, claro) pretende-se explicar as principais novidades da nova temporada da F1. Pé no acelerador e venha daí.

1. Comecemos pelo…princípio. Afinal o que muda ao certo na Fórmula 1 em 2014?

A nível técnico as mudanças são as mais significativas. Desde logo o motor. Este ano estreiam-se os motores V6 turbo de 1.6l, substituindo os anteriores V8 que tinham mais dois cilindros. O que significa? Carros menos potentes, sim. Mas a pré-temporada mostrou que, alguns pelo menos, não são tão pouco potentes como se temeria. Estreia-se, também o Sistema de Recuperação de Energia (ERS), precisamente para dar mais potência aos carros. 

Esteticamente também há mudanças. Basta espreitar os monolugares deste ano. Aqueles narizes, mais baixos e estreitos, não têm muitos adeptos. 

Além disso, os carros só poderão, este ano, transportar 100kg de combustível por corrida. Uma preocupação mais para os pilotos, que já têm de gerir os pneus.

2. Mas as mudanças são meramente técnicas ou há algo mais?

Há mais. E também com polémica. O último Grande Prémio da temporada, neste caso Abu Dhabi (23 de novembro), vale o dobro dos pontos dos restantes (50). A FIA justificou a decisão com a busca por aumentar o interesse na fase decisiva da época e evitar um campeão antecipado. Os pilotos e as equipas não gostaram porque acham que coloca em causa todo o trabalho da época. 

A qualificação também sofre mudanças. Os pilotos vão ter um jogo extra de pneus para usar no Q3 (fase decisiva onde só estão os dez mais rápidos) para que possam dar tudo pelo melhor lugar possível em vez de já estarem a poupar pneus para a corrida.

E há ainda outro ponto interessante em torno da qualificação. Este ano há um troféu para o piloto com mais pole-positions. Tudo para aumentar o interesse pelos sábados de Grande Prémio. 

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3. Já percebi tudo sobre os carros e as corridas. Então e os pilotos, estão todos no mesmo lugar?

Nada disso. Aliás, só Mercedes e Marussia continuam com as duplas do ano passado. A Ferrari trouxe de volta Kimi Raikkonen, o último campeão do mundo na scuderia (2007), e juntou-o a Fernando Alonso. A Red Bull promoveu Daniel Ricciardo para o lugar que Mark Webber deixou em aberto depois de sair da F1. Está de volta Kamui Kobayashi, para a Caterham, Felipe Massa está na Williams…Enfim, confira tudo na lista abaixo. 

Red Bull (Sebastian Vettel e Daniel Ricciardo)
Mercedes (Lewis Hamilton e Nico Rosberg)
Ferrari (Fernando Alonso e Kimi Raikkonen)
Lotus (Romain Grosjean e Pastor Maldonado)
McLaren (Jenson Button e Kevin Magnussen)
Sauber (Adrian Sutil e Esteban Gutierrez)
Force India (Sergio Pérez e Nico Hulkenberg)
Toro Rosso (Jean-Eric Vergne e Daniil Kvyat)
Williams (Felipe Massa e Valtteri Bottas)
Marussia (Jules Bianchi e Max Chilton)
Caterham (Kamui Kobayashi e Marcus Ericsson)

4. Estão ali alguns nomes novos. São bons?

Há três estreantes. Kevin Magnussen (McLaren), dinamarquês, é o que mais promete. Não só porque está na equipa mais cotada e que não apostava num rookie desde 2007, mas porque chega como campeão da Fórmula Renault 3.5, campeonato de acesso à F1 onde competiu António Félix da Costa. 

Por falar nele, outro é Daniil Kvyat, o russo de 19 anos que ficou com o seu lugar na Toro Rosso. Foi campeão da GP3 Series, uma espécie de terceiro escalão antes da F1. 

Por fim, Marcus Ericsson (Caterham), sueco, é o menos conhecido. Competiu na GP2 Series nos últimos quatro anos sem brilhar.

5. E quem são os favoritos?

Segundo as casas de apostas, Lewis Hamilton e Nico Rosberg, a dupla da Mercedes. Segundo os especialistas…também. 

De facto os carros com motor Mercedes foram, na pré-temporada, os que melhor se comportaram. Deram mais voltas, foram mais rápidos. Havendo uma equipa de fábrica da Mercedes é natural que lhe seja atribuído o favoritismo. 

Ainda assim convém não descurar a dupla da Ferrari, com Alonso à cabeça por ainda ser preciso ver como Raikkonen se vai adaptar neste regresso. E, como o campeonato é longo, o tetracampeão Sebastian Vettel.



6. Vettel tão atrás? Não deveria ser o principal candidato?

Se esta fosse uma temporada normal…sim. Contudo, a avaliar pela desastrosa pré-época da Red Bull, que em Jerez deu pouco mais de vinte voltas em quatro dias, é normal que se coloque o alemão atrás da concorrência desta vez. Para se ter uma ideia, a melhor volta de Vettel no Bahrain foi 4.2s mais lenta do que a de Felipe Massa, o melhor na pista asiática. Em linguagem de F1 é caso para dizer que ainda vai ter de rodar muito para chegar ao nível dos rivais. Mas a estrutura campeã está intacta e, como se disse, o campeonato é longo.

7. E para surpresas, há espaço?

Se há época propícia a surpresas é mesmo esta. Atenção à Williams que promete renascer e dar uma nova vida a Felipe Massa e à Force India que tem uma das melhores duplas do grid: Hulkenberg-Perez. Por fim também Kevin Magnussen, se a McLaren voltar a ser competitiva, pode fazer uma gracinha.

8. E o calendário, continua igual?

Continua com 19 corridas como na época passada, mas tem duas mexidas. Está mais Europeu. Saíram Índia e Coreia do Sul e entraram Áustria (22 de junho) e Rússia (12 de outubro), uma estreia absoluta, no novíssimo circuito de Sochi, ao lado do Parque Olímpico.

9. Estou pronto. Quando é que arrancam os carros?

Prepara-se para algumas noites mal dormidas se quiser acompanhar tudo a par e passo. Os primeiros treinos livres (que este ano deverão ter bem mais interesse, sobretudo em Melbourne) arrancam pela 1h30 da madrugada de quinta para sexta. Quatro horas depois decorrem os segundos. Às 3h da manhã de sexta para sábado são os terceiros treinos e às 6h da manhã de sábado a qualificação. A corrida é às 6 horas da manhã de domingo. 

Em Portugal será tudo transmitido na Sport TV, mas também poderá acompanhar a corrida através do Ao Minuto do Autoportal.

10. Muito bem. Mais alguma coisa que deva saber?

Sim. Se achar que tudo isto ainda não é suficiente para aguçar o apetite fique a saber que está prevista chuva para a corrida. Nem assim vale a pena? Então não é fã de Fórmula 1.