247 corridas, 15 temporadas, 13 vitórias, 62 pódios, 12 pole positions e 18 voltas mais rápidas. Vice-campeão do mundo em 2001, atrás do inalcançável Michael Schumacher. Williams, Mclaren e Red Bull, sempre com Portugal no coração.
David Coulthard, 49 anos, é um dos embaixadores do Grande Prémio de Portimão. E a escolha não podia ser mais acertada. Além da riqueza do currículo e dos quilómetros intermináveis de experiência, o escocês tem vários motivos para gostar do nosso país.
Anotem, por favor: foi em Portugal que subiu pela primeira vez ao pódio de uma corrida de Fórmula Um, apenas nove provas de substituir o malogrado Ayrton Senna na Williams-Renault, em 1994; e foi em Portugal que venceu pela primeira vez, também com a Williams e logo no ano seguinte.
Além das passagens felizes pelo alcatrão do Estoril, Coulthard tem «memórias inesquecíveis» da relação com Cascais.
Eu passei longas temporadas em Cascais nos meus 20's. Adorava o tipo de vida que levava cá. Saía para beber um copo, comer um peixinho bom. Recordo-me bem das festas em Portugal, as pessoas sabem como divertir-se depois de um longo e duro dia de trabalho. O clima é completamente diferente do clima que temos na Escócia e é por isso que adoro estar cá.»
Coulthard esteve na apresentação oficial do regresso da categoria máxima do automobilismo ao nosso país e brindou a plateia com boas histórias e um enorme sentido de humor, como pôde constatar o Maisfutebol e a TVI.
Nunca foi campeão do mundo, é verdade, mas ao longo de década e meia foi um dos pilotos mais carismáticos. Foi ele, afinal, o homem que sobreviveu a uma queda de um avião em 2000 e que dias depois acabou uma corrida em Espanha no segundo lugar.
E foi ele o homem que levou Michael Schumacher a perder a cabeça em SPA, 1998. Schumi correu em direção das boxes da Mclaren e só o staff da escuderia britânica evitou males maiores. Coulthard tinha uma rivalidade grande com o alemão, mas nos últimos anos de F1 acabou por tornar-se um bom amigo do germânico e até aprendeu o hino alemão.
Fora de pista, Coulthard foi sempre um bon vivant. Na sua excelente autobriografia, fala da viagem que fez com Jenson Button para a Córsega e do excesso de álcool a bordo. À chegada à ilha francesa, Coulthard já só queria tirar a roupa toda e posar nu para os paparazzi. Button não deixou, felizmente.
VÍDEO: a tarde em que Schumacher quis agredir Coulthard
Domingo, 25 de outubro, a Fórmula Um volta a ter uma corrida em Portugal. As hostilidades já foram abertas pelo consagrado David Coulthard. Aqui fica ele, em discurso direto.
A LIGAÇÃO A PORTUGAL:
«A minha primeira vitória na F1 foi no Estoril [1995] e o meu primeiro pódio também [1994].
Já estou reformado há 12 anos e nem me lembro da minha última vitória na F1 [Austrália, 2003].»
ENTRADA NA FÓRMULA UM:
«Portugal é muito importante para a F1 e basta lembrar o grande Ayrton Senna. Ele viveu em Portugal muitos anos e venceu pela primeira vez na F1 precisamente neste país. Em 1994 eu era o piloto de testes da Williams-Renaul e a morte dele acabou por ser, infelizmente, a minha oportunidade para entrar na F1.»
GRANDE PRÉMIO DE PORTIMÃO:
«Fiquei muito feliz ao saber que a F1 regressaria a Portugal. Não é ao Estoril, onde corri muitas vezes, mas é em Portimão. Conheço bem o circuito, corri lá no Mundial de DTM. É um circuito desafiante, com muitas allterações ao nível de altitude. Muitas subidas e descidas. É um circuito que exige bravura e uma postura de ataque. É mesmo ao gosto de tipos como o Lewis Hamilton e o Max Verstappen.»
RIVALIDADE COM MICHAEL SCHUMACHER:
«O que o Michael Schumacher atingiu na F1 foi incrível. Tentei batê-lo ao longo dos anos, mas só quando deixei de correr é que percebi o impacto que ele teve na minha carreira. Certo dia estava no duche da manhã e, a dada altura, percebi que estava a cantar o hino alemão. Ouvi-o tantas vezes no pódio, nas vitórias do Michael, que acabei por decorá-lo (risos). Acabei por esquecer-me que era britânico, mas com o Lewis Hamilton recuperei essa boa sensação.»
OS ANOS AO LADO DE MIKA HAKKINEN:
«O nosso colega de equipa é sempre o maior adversário, porque tem um carro igual ao nosso. O Mika Hakkinen era muito rápido. Se falarmos em velocidade pura, talvez fosse mais rápido do que o Michael. Mas o Michael era o perfecionista absoluto. Acho que o Lewis Hamilton está a repetir agora esse tipo de trabalho: a condição física, a comunicação com a equipa... as pessoas pensam que o trabalho é só aquele que vemos na pista, mas é muito mais do que isso.»
OS ELOGIOS A LEWIS HAMILTON:
«Conheço o Lewis há muito tempo. Ele assinou pela Mclaren quando eu ainda lá estava. Um dia, com uma voz muito fininha, veio ter comigo e disse: 'um dia vou ocupar o teu lugar'. E ocupou. Ocupou e já fez muito melhor do que eu.»