É o homem mais rico da Ucrânia, com empresas e interesses em várias frentes, da indústria metalúrgica à energia e às telecomunicações. Ainda assim, o império de Rinat Akhmetov encolhe de dia para dia: o oligarca ucraniano já foi dono de qualquer coisa como 14 mil milhões de euros, mas hoje a sua fortuna é avaliada em cerca de 5 mil milhões, de acordo com a revista Forbes. Foi em 2014 que tudo começou a mudar: os negócios de Akhmetov foram profundamente afetados pela anexação da Crimeia pela Rússia e pelo conflito na região do Donbass. O magnata perdeu diversos ativos, desde propriedades a postos de abastecimento.

"Para nós a guerra começou em 2014. Nós perdemos todos os nosso ativos na Crimeia e na região temporariamente ocupada do Donbass. Perdemos os nossos negócios, mais saímos mais fortes”, afirmou Akhmetov à agência Reuters.

O oligarca condenou a ocupação russa no Donbass e, com o rombo na fortuna, as ligações a Moscovo começavam a enfraquecer. É que o oligarca foi não só um apoiante do presidente pró-russo Viktor Yanukovych, como o seu maior suporte financeiro e chegou a fazer parte do parlamento ucraniano entre 2006 e 2012, com uma esfera de influência sobre dezenas de deputados. Ora, com as manifestações que acabariam por levar à queda de Yanukovych, Akhmetov e outros oligarcas ucranianos começaram a tirar o tapete ao presidente. O receio era apenas um: o impacto de eventuais sanções da União Europeia. 

Mas o envolvimento na política não desapareceu com a queda de Yanukovych. Pelo contrário, Akhmetov até chegou a manifestar a vontade de criar um novo partido. Em novembro do ano passado, porém, foi acusado por Volodymyr Zelensky de estar envolvido num plano russo para realizar um golpe de Estado. Uma "absoluta mentira", afirmou. Espectros opostos que a guerra acabaria por unir. Agora que o território ucraniano é massacrado pela invasão do regime russo, Akhmetov não poupa elogios a Zelensky, destacando "a sua paixão e o seu profissionalismo". Sobre os ataques das tropas de Vladimir Putin não tem dúvidas: são "crimes contra a Humanidade", classificou, em entrevista à revista Forbes.

O filho de um mineiro que comprou um clube de futebol e a casa mais cara do mundo

Nascido em Donetsk, filho de um mineiro e de uma doméstica, a fortuna de Akhmetov foi impulsionada pelas privatizações de empresas após o colapso da União Soviética. É dono de uma "holding' ('SCM Holdings'), que opera em vários setores como a indústria metalúrgica, a energia e os media. O grupo tem duas fábricas metalúrgicas em Mariupol, uma das quais, a Metinvest, é a maior de toda a Ucrânia. O oligarca diz que enriqueceu porque investiu em ativos que ninguém queria comprar. "Ganhei o meu primeiro milhão a vender carvão. Gastei o dinheiro em ativos que ninguém queria comprar. Foi um risco, mas valeu a pena", afirmou, numa entrevista em 2010 à imprensa ucraniana. 

Em 1996, e na sequência da morte do presidente do Shakhtar Donetsk num atentado à bomba no próprio estádio, Akhmetov assumiu os destinos do clube de futebol ucraniano, com a promessa de levar o emblema da cidade onde cresceu à glória europeia. Os títulos do Shaktar sucederam-se e, com isso, aumentou também a exposição internacional do oligarca.

Em 2011, Akhmetov foi notícia por ter comprado o apartamento mais caro de Londres - uma penthouse que custava 136,4 milhões de libras (165 milhões de euros). E em 2020, os investimento imobiliários voltaram a ser destaque na imprensa: o Financial Times noticiava que o ucraniano tinha comprado "a casa mais cara do mundo", a histórica Villa Les Cedres, na Riviera Francesa, por 200 milhões de euros.

É um império de milhões que volta a sofrer fortes machadadas com a invasão da Ucrânia. Akhmetov diz que estará pronto para ajudar a reconstruir o país, mas reconhece que será necessário um programa de apoio internacional para ajudar a reerguer o território, tal como aconteceu após a Segunda Guerra Mundial com o Plano Marshall