É cada vez mais difícil a possibilidade de a bola voltar a rolar na II Liga esta época. Os clubes antecipam uma possível decisão sobre o fim imediato da competição e dividem-se sobre as condições para que se disputem as 10 jornadas que faltam, uma decisão que será anunciada nesta quinta-feira pelo governo mediante um parecer técnico da Direção-Geral da Saúde.

«O mais importante é a questão da saúde pública e por isso temos de esperar pelas indicações da DGS. Mas o Casa Pia não tem condições para suportar todas as despesas relativas às medidas de prevenção a tomar, caso a competição seja retomada. Só em testes, três vezes por semana, estamos a falar de centenas de milhares de euros. Temos de ter mais tempo de estágios nos hotéis, usar mais autocarro para manter a distância de segurança, e isso tem custos muito elevados...», começa por dizer ao Maisfutebol Paulo Grencho, diretor desportivo do Casa Pia. 

Os «gansos» estão no último lugar da prova, mas, ainda que seja uma tarefa difícil, continuam a sonhar com a permanência. Se o campeoanato ficar por aqui, correm o risco de descer automaticamente, mas também de assegurar a manutenção sem jogar.

«Não é uma questão desportiva, mas sim de saúde pública. E se um jogador ficar infetado? Já não para não falar da vertente económica e estrutural. Para clubes como o nosso é quase impossível seguir as diretrizes da Liga, num plano de retoma, porque não temos estrutura para isso. Nem nós, nem muitos clubes desta divisão», afirma o dirigente, lembrando os custos adicionais que os clubes irão ter para cumprir os requisitos exigidos para que o futebol retome nas melhores condições de segurança, no sentido de evitar a infeção de qualquer profissional envolvido.

Do lado do Leixões, por exemplo, Paulo Lopo, presidente da SAD, também diz que «não há condições financeiras para suportar tais exigências» da parte dos clubes, mas defende que «os jogos se deviam disputar até ao fim da época». O dirigente lembra, ainda, que a decisão de não retomar o campeonato pode levantar sérios problemas. «Pode criar-se uma onda de impugnações e de processos impostos porque os clubes, que podem descer ou ficar sem hipóteses de subir, se vão sentir injustiçados», disse ao Maisfutebol.

E se a época acabar de imediato? O Desp. Chaves defende a prevalência do mérito. «Se é para terminar já a época, que se valorize o mérito. Ou seja, que haja subidas e descidas», disse Francisco José, líder da SAD, ao Maisfutebol.

Nesse cenário, Farense e Nacional, 1.º e 2.º classificados, seriam promovidos ao primeiro escalão, mas há outras questões a definir, como a dos clubes que podem ou não descer de divisão, ou o alargamento da prova de 18 para 20 equipas, na próxima época. Para já, não há nada concretamente definido, e ainda está montado um cenário de grande incerteza. Porém, há clubes como Estoril, Feirense e Mafra, que tendo a possibilidade de, havendo jogos, ainda lutarem para subida à Liga, querem que se jogue até ao fim. 

Neste momento, há um sentimento generalizado por parte dos clubes da II Liga de que há uma possibilidade forte de a competição acabar de imediato. Em cima da mesa está a suspensão, até porque não realizar os jogos que faltam significaria a diminuição do risco de contágio, a maior preocupação das autoridades de Saúde que tomarão a decisão nesta quinta-feira.