O que torna a Taça de Portugal tão especial são as histórias que a envolvem. É a narrativa dos sonhos dos clubes de menor dimensão, ao longo da prova, e também das tardes míticas no Jamor. Primeiro na mata, palco de grandes petiscadas, e depois no interior do Estádio Nacional, o palco da festa propriamente dita.
 
Um recinto inaugurado em 1944, com limitações óbvias no que diz respeito às condições atuais, é propício a episódios insólitos. Um dos mais curiosos aconteceu há dois anos, na final da Taça de Portugal de 2013. O dia em que o Vitória de Guimarães conquistou o troféu pela única vez...e arriscou-se a não ter a possibilidade de erguê-lo.
 
Passamos a contar: no Estádio Nacional há uma sala reservada para o Presidente da República, que habitualmente marca presença na prova e entrega o troféu ao vencedor. É o espaço onde o Chefe de Estado pode aguardar pelo apito inicial se assim o entender, ou mesmo para onde pode deslocar-se durante o intervalo, junto do seu «staff».


 
A 26 de maio de 2013, quando Vitória de Guimarães e Benfica disputaram a final da Taça de Portugal, o troféu foi guardado nessa sala reservada para o Presidente da República, tal como as medalhas. Após o apito final, e quando os responsáveis federativos se preparavam para ir buscar os prémios, a porta da referida sala (na foto cima) ficou presa. Metia-se a chave na fechadura, rodava-se para a esquerda e para a direita...e nada. A primeira ideia foi chamar os elementos da segurança privada, que até aos pares tentaram abrir a porta em força, mas nada feito.
 
Os jogadores do Vitória de Guimarães já começavam a subir a escadaria para a tribuna de honra, e a taça continuava inacessível. Na sala mais segura do Estádio Nacional. Demasiado segura para o caso, refira-se. Só com a ajuda dos bombeiros é que foi possível arrombar a porta, permitindo que a equipa minhota levantasse a Taça de Portugal pela primeira vez.
 
Perante tal susto, a Federação Portuguesa de Futebol decidiu tomar medidas. Desde logo mudando a fechadura da sala do Presidente da República. E também passou a salvaguardar um eventual problema com a taça entregue ao vencedor, ou com as medalhas.
 
Um caso insólito que reporta também para as alterações que têm sido introduzidas no Estádio Nacional. Algumas em definitivo, outras em concreto para a final da Taça de Portugal. Há dois anos foram feitas obras de renovação nos balneários, que já não ofereciam condições mínimas às equipas que passavam pelo recinto. O que permitiu também que a Seleção Nacional passasse a utilizar o espaço com maior frequência.

Balneário do Sporting
Balneário do Sporting

Balneário do Sp. Braga 


Há um ano foi feita também uma intervenção no relvado que justificou um investimento de aproximadamente cem mil euros.
 
A bancada de imprensa também foi alterada recentemente para uma posição central, por baixo da Tribuna de Honra. Para a edição deste ano estão credenciados 203 jornalistas.
 
Os bancos de suplentes foram encostados ao muro que delimita a pista de atletismo, para permitir que os espectadores sentados nas primeiras filas tenham visibilidade total para o recinto de jogo.
 
Do lado contrário é erguida agora uma bancada provisória destinada a 800 lugares «corporate», vendidos a 50 ou 100 euros (mais IVA).


 
Esta bancada alberga também os adeptos com mobilidade especial, e fica localizada na Porta da Maratona, por onde entram a maior parte dos adeptos, mas os responsáveis federativos esperam que essa afluência seja menor, para evitar situações mais complicadas, como o congestionamento verificado instantes antes do apito inicial da decisão de 2014, entre Benfica e Rio Ave.


 
Nesse sentido foi aberta agora também uma Porta Norte, para que o fluxo seja mais repartido. E para ajudar a esse propósito será feito também um primeiro controlo de bilhetes ainda antes da Praça da Maratona, para direcionar os adeptos para as entradas corretas.
 
Ainda assim a organização da final da Taça de Portugal, que envolve ainda 149 voluntários, é um verdadeiro desafio, sobretudo pelas especificidades do Estádio Nacional. E a prova disso é que, no que diz respeito a segurança, o custo é quatro vezes superior ao da final da Liga dos Campeões disputada no Estádio da Luz, em 2014, entre Real e Atlético de Madrid.