Oito minutos em campo deram a Francesco Acerbi a última conquista de uma vida que tem sido cheia de emoções. Das mais fortes. Na segunda-feira, o futebolista italiano viveu mais uma: o defesa central de 26 anos estreou-se pela seleção da Itália quando, aos 82 minutos, entrou para o lugar de Bonucci na partida desta segunda-feira com a Albânia.

O momento histórico com a camisola da «squadra azzura» foi gravado pelo próprio numa rede social.
 
 


Uma jovem promessa do futebol italiano, Francesco Acerbi era visto como um defesa talentoso. Aos 23 anos chegou à Serie A para representar o Chievo Verona. Na época seguinte, chegou a estar meia época a tentar convencer o Milan. Assim como chegou a ser chamado três vezes à seleção italiana nessa altura em que representou os «rossoneri».

Mas nunca conseguiu jogar o primeiro minuto pela «azzurra». Assim como acabou por regressar ao Chievo.


Francesco Acerbi, ao centro, na seleção italiana

Na época 2013/14, Acerbi foi aposta do Sassuolo na estreia do clube na principal divisão italiana. O sonho do futebolista italiano tentava ganhar um novo fôlego aos 25 anos. Mas o rumo que toda a sua vida tomou – não só a sua profissão – estavam longe do que podia ser imaginado. Na pré-época, no verão de 2013, os exames médicos acabaram por levar à deteção de um tumor nos testículos.

Foi operado. Com tal sucesso que em setembro voltou ao futebol para ganhar a titularidade no Sassuolo. Em dezembro porém, um controlo antidoping não só o traiu na vida desportiva como voltou a ensombrar-lhe a vida. Os níveis excessivos de gonadotrofina coriónica humana (hCG) detetados – uma hormona que potencia a testosterona – não significavam doping: Significavam que o cancro tinha voltado – pois os tumores são responsáveis pela produção de hCG.

Acerbi voltou ao hospital, onde ficou internado dois meses para fazer quatro sesseões de quimioterapia. Voltou a vencer a doença. Recuperou e ficou a postos para esta época. Ainda com outro novo fôlego. E desta vez, acima de tudo pessoal, para todo o resto da sua vida. Como declarou em julho, na «Gazzetta dello Sport».

«A doença ajudou-me a crescer. Enquanto estava sozinho na minha cama pensava muito nos valores da vida e chegou-me uma grande vontade de voltar a jogar: há anos que não me sentia assim.»

Em setembro, começou a entrar na equipa. Há cerca de um mês, o centro da defesa do Sassuolo voltou a ser seu. Assim como voltou a estar numa convocatória da seleção italiana, dois anos depois. Na reação a este regresso, Acerbi não se esqueceu da doença que venceu. E que, a partir daí, só pode ganhar mais. Como referiu ao «Sassuolo Channel».

«Espero que esta convocatória possa ser um ponto de partida. É uma satisfação que dedico a mim mesmo, sem deixar de agradecer a tantos, desde a minha família aos companheiros de equipa. O segredo? A quimio. Fiz um percurso que me fez perceber imensas coisas. O que me desejo é mais um passo em frente.»

Esse passo aconteceu na segunda-feira quando fez a estreia pela seleção AA da Itália, no «particular» com a Albânia que os transalpinos ganharam 1-0. Acerbi voltou a garantir que essa nova etapa ficará gravado nos vários canais da memória – a começar pela sua.
 
 


Francesco Acerbi era um dos homens com quem era fundamental falar no final da partida. Não só por todas as questões do jogo, do futebol, mas, também, claro, por tudo o que continua a estar em jogo na sua vida. Assim disse, na «Gazzetta dello Sport».

É normal estar emocionado. Estou feliz e orgulhoso de tudo o que fiz nos últimos meses, Mas tenho objetivos e quando os atingir ficarei emocionado e satisfeito. Quais são esses objetivos? Guardo-os só para mim...»