A Federação Portuguesa de Futebol está ilegal. Não há duas leituras possíveis, até porque a lei de 31 de Dezembro de 2008 está escrita em Português. E os estatutos da instituição não se adequam a ela.

Com eleições marcadas para 5 de Fevereiro, um largo movimento de associados agendou uma assembleia geral para tentar acertar a revisão dos estatutos antes do acto eleitoral.

Ninguém sabe muito bem o que vai acontecer. Se for aprovada uma revisão, certamente as eleições serão adiadas, por uma lógica questão de tempo. O tempo que será necessário para proceder às mudanças necessárias.

O Governo já retirou apoios à FPF e prepara-se para agravar a posição. A FIFA ameaça com suspensões de clubes e selecções portuguesas das provas internacionais. Pelo menos desta vez vem, de Zurique, um sinal de que o futebol não vive acima da lei. Outras ocasiões houve em que a FIFA ameaçava o mesmo por algum agente desportivo recorrer aos tribunais comuns, mas isso é outra história.

O assunto é quente, e por isso o TVI24 tentou organizar na última quarta-feira, 12, um debate no qual estivessem representadas as partes interessadas. Com avanços e recuos, chegou-se a um cenário em que havia um representante dos pró-revisionistas (sem conotações!), um dos anti-revisionistas, um jurista e a possibilidade de ter igualmente em estúdio o único candidato oficial às eleições que ninguém sabe se vão ocorrer.

Confirmou-se com o decorrer dos dias que o assunto é quente. Tão quente que queima. Num jornal diário, quarta-feira, saiu a notícia de que ia existir esse debate. Não foi dada pela TVI, porque nada estava confirmado. As fontes vieram do meio do futebol, que apesar das diferenças, está visto, ainda é muito corporativo. Na notícia vinham referidos alguns nomes que tínhamos sondado, outros que era realmente suposto estarem no debate e um do qual nunca sequer se falou. Quer dizer, falou-se, mas apenas entre as pessoas do futebol - nunca entre a pessoa e a TVI.

Factos: a poucas horas do início do programa estavam confirmadas duas presenças, apenas. Perto das 23h, o elemento pró-revisionismo que aceitara participar num debate recusou, compreensivelmente, participar naquilo que já seria apenas um comentário em estúdio de um tema da actualidade.

Por uma questão de justiça, revelo que isto se passou com Joaquim Evangelista, presidente do Sindicato de Jogadores, que estava disposto a confrontar opiniões.

O único convidado em estúdio acabou por ser um especialista em direito desportivo, desligado de todas as partes do processo e por isso sem melindres políticos para salvaguardar. Explicou, aliás de forma clara para quem quis ouvir (e foram muitos), o que está em causa.

Quem tem razões contra e favor de cada lado da barricada preferiu continuar a negociar em circuito fechado. O futebol português também é um pouco isto. Continua a ser um pouco isto.

*Editor Desporto TVI