Foram apenas dois meses de preparação. Dois meses à média de um treino semanal, sempre à segunda-feira que é o dia de folga dos sacerdotes, o que é manifestamente pouco para criar mecanismos de jogo e trabalhar a consistência colectiva. Mesmo assim a selecção nacional de padres parte para o europeu da categoria confiante. «Estamos com alguma expectativa», diz o Pe. Davide Gonçalves, o mentor de todo este projecto. «Já criámos uma certa mística, vamos representar Portugal e queremos fazê-lo bem».
Pelo caminho foram ultrapassadas uma série de dificuldades. Na formação de uma equipa, na conciliação de horários para os treinos, na organização da viagem, enfim... Com uma paciência de Job lá se acabou por ser contornar todas as contrariedades. Até a procura de um equipamento oficial da selecção. «Pedimos à federação mas foram-nos manifestadas algumas dificuldades em cedê-los», conta o sacerdote. «Acabámos por conseguir arranjá-los através de uma empresa que produz equipamentos».
Agora está tudo pronto para a viagem. «Sim, tudo. Até já temos os bilhetes de avião, que não foram nada fáceis de conseguir». Mas o que lá vai, lá vai. «Partimos domingo à tarde do Porto para Paris, teremos de ficar na capital francesa até ao dia seguinte, na segunda-feira viajámos directos para Zagreb». Ora como é de um campeonato da Eurpa de Padres que isto se trata, o torneio começa com... uma missa. «Instalámo-nos e ao final da tarde temos uma eucaristia com o bispo na Catedral de Santo António».
Para a terça e quarta-feira, então sim, estão reservados os jogos. Antes disso, porém, ainda na segunda-feira haverá o sorteio da fase de grupos. Para além de Portugal, participam também as selecções de Espanha, Croácia, Itália, Áustria, Polónia, Eslováquia, Eslovénia, Roménia, Hungria e Bósnia-Herzegovina. «Na terça-feira de manhã vamos ser recebidos pelo ministro do Desporto e de tarde começam os jogos do torneio que terminam na quarta-feira com as meias-finais e a final».
A poucos dias da partida, e como é de um torneio de padres que se trata, havia uma pergunta incontornável: é em nome de Deus e em nome da Pátria que a selecção joga? O Pe. Davide Gonçalves ri-se. «Antes de mais é em nome do bom desporto. Queremos dizer que o desporto é bom, faz bem e pode ser praticado com humanismo. Mas também queremos representar o nosso país. Nestes jogos costuma dizer-se que é tudo ao molho e fé em Deus. Não sei se será tudo ao molho. Mas será com fé em Deus e fé nos homens».