A carolice de Davide Gonçalves vai levar Portugal ao europeu de futsal para padres. A paixão pelo futebol deste pároco de Pousos, em Leiria, vem de longe. Levou-o, por exemplo, a tirar o terceiro nível do curso de treinadores, que lhe permitiria até treinar uma equipa da Liga de Honra, e fê-lo travar uma amizade com José Mourinho que o enche de orgulho. Vai daí o sacerdote descobriu que existe um europeu de futsal para padres - o «Champions Clerum» - que vai este ano para a segunda edição.
Entrou em contacto com outros padres, formou uma equipa de doze jogadores e tratou de inscrever Portugal no torneio que se inicia já entre 6 e 8 de Fevereiro, em Zagreb, na Croácia. Os sacerdotes vêm das dioceses de Leiria, Braga e Porto, costumam juntar-se à segunda-feira - dia de folga clerical - para treinar em Famalicão e na equipa juntam talentos insuspeitos, pelo menos a avaliar pelas alcunhas, como Marco «Baresi» Gil, da paróquia de Monsul, ou Manuel Fernando «Miccoli», pároco de Alpendorada.
Pelo caminho vão tentar retirar à Croácia - patrocinada por uma bebida chamada «Néctar dos deuses» e impulsionada pelo padre Zarko Relota, que de tão parecido com Alfredo Di Stefano ficou conhecido como «Seta Loira de Deus» - o título conquistado no primeiro europeu. Vão tentar também contrariar o favoritismo da selecção espanhola, que se apresenta com uma equipa que disputa o torneio galego de futebol. Onde curiosamente já defrontou «As Ninfas», equipa patrocinada por uma casa de alterne, e já perdeu com os «Diabos Vermelhos».
Enfim, pormenores que não deixam temerosa a selecção nacional. Até porque são vários os padres nacionais com ligações ao futebol. O que faz crer numa boa participação. Emanuel Bernardo, por exemplo, já fez parte da equipa júnior do Marco, Marco «Baresi» já integrou o plantel do Lousado, da segunda divisão distrital de Braga, Hermínio Pinto e Manuel Fernando foram companheiros na equipa de futebol da Universidade Católica do Porto e Ricardo Silva foi já vice-presidente do Rio Ave. Todos eles acabaram por abdicar.
É que a missa, tal como o futebol, é ao domingo.