O regresso da Liga norte-americana de futebol feminino (NWSL) à competição após a paragem causada pelas acusações de assédio e coerção sexual ao treinador Paul Riley, despedido na quinta-feira do comando técnico dos North Carolina Courage, ficou marcado por um protesto grande simbolismo.

A cena repetiu-se nos três jogos (North Carolina Courage-Racing Louisville, Gotham FC-Washington Spirit e Portland Thorns-Houston Dash). 

As jogadoras interromperam o jogo ao minuto seis, de forma a simbolizar o número de anos que demoraram a ser denunciados os alegados comportamentos de assédio e coerção sexual do treinador Paul Riley, e, durante um minuto, ficaram abraçadas à volta do círculo central.

Protesto no North Carolina Courage-Racing Louisville:

Protesto no Gotham FC-Washington Spirit:

Protesto no Portland Thorns-Houston Dash:

De acordo com o sindicato, que apresentou uma lista de propostas para lidar com o problema dos abusos na modalidade, a interrupção dos jogos «foi um ato de solidariedade para com todas as vítimas».

A solidariedade veio também das bancadas, dos muitos cartazes do público.

No domingo, a NWSL anunciou a abertura de uma investigação independente às acusações de assédio e coerção sexual ao treinador Paul Riley, e nomeou um comité executivo para dirigir o campeonato principal.

A investigação surgiu depois de a revista especializada The Athletic ter reportado, com testemunhos de duas antigas jogadoras, uma prática consistente de assédio e coerção sexual do antigo técnico Paul Riley.

A federação norte-americana suspendeu a licença de Riley após a reportagem sair, com acusações das antigas jogadoras Sinead Farrelly e Mana Shim, com abusos que começaram em 2011 e foram continuando ao longo dos anos, no caso da primeira.

Riley terá assediado Shim nos Portland Thorns, que treinou em 2014 e 2015, numa carreira em que passou por várias equipas norte-americanas e em que foi considerado o Treinador do Ano em 2011, 2017 e 2018.

A onda gerada pelas denúncias levou à demissão, na terça-feira, do diretor executivo dos Washington Spirit, Steve Baldwin, que deixou ainda a posição de sócio gerente daquele emblema, explicando que o fez após um pedido das jogadoras, além de um outro feito pelo grupo oficial de adeptos, que prometeu fazer greve ao apoio no estádio até que vendesse a sua parte.

O antigo diretor indicou que o presidente Ben Olsen assumiu o controlo das operações do clube, no qual o treinador Richie Burke tinha sido despedido após uma reportagem do Washington Post ter denunciado uma cultura de abuso verbal e emocional de jogadoras.

A NWSL abriu uma investigação formal e sancionou o Spirit.