A Vilafranquense SAD vai assumir um novo nome e uma nova imagem com a mudança para a Vila das Aves na época 2023/24, na sequência do negócio de arrendamento do estádio do CD Aves 1930, mas as cores vão manter-se. O presidente da sociedade, Henrique Sereno, explicou esta segunda-feira que não deu para ficar em Vila Franca de Xira e fala na abertura de um ciclo «bastante melhor».

«Vamos mudar de nome, que passará a ser Aves Futebol Clube SAD, e de símbolo, mas as cores vermelha e branca do nosso equipamento mantêm-se. Teremos de jogar como União Desportiva Vilafranquense SAD em Rio Maior até 30 de junho e vamos continuar a fazê-lo com todo o gosto, até porque temos uma boa relação com o clube e as pessoas. Infelizmente, não deu para ficar lá. Fecha-se um ciclo e abre-se outro bastante melhor», defendeu Sereno, em conferência de imprensa, traçando os objetivos a curto/médio prazo.

«Estar na I Liga é um sonho. Se não for já este ano, certamente vai ser no próximo ou no outro a seguir. O primeiro objetivo é subirmos o mais rápido possível. A partir daí, sonhar não custa e sonhar alto ainda é melhor. Temos visto clubes como o Paços de Ferreira ou o Arouca a irem à Liga Europa, também temos esse sonho e espero que consigamos lá chegar num futuro próximo.»

Os sócios refundado Desportivo das Aves 1930, que alinha na Divisão de Honra da Associação de Futebol do Porto, aprovaram, no sábado, o acordo negociado junto do Vilafranquense SAD para que o quinto classificado da II Liga possa utilizar o seu estádio Sereno adiantou que vai ser necessário investimento nas infraestruturas. 

«É bem claro que vai ter de haver muito investimento aqui. O recinto esteve sem obras e manutenção durante dois anos e meio e sabemos que vamos despender muito dinheiro. Não sabemos ao certo quanto, mas será uma grande quantia. Estamos dispostos a fazer isso e certamente que irão existir condições bem boas na próxima temporada», apontou o ex-futebolista, que explicou ainda a escolha pelas Aves.

«Passámos por uma fase em que não fomos tão bem recebidos, não pelos adeptos, mas por pessoas que estavam ligadas à cidade [ndr: de Vila Franca de Xira]. Queríamos um clube onde nos sentíssemos bem-vindos e essa foi a principal razão por termos escolhido este local. É muito importante para qualquer projeto ter essa união», referiu, acrescentando que espera avanços quanto a dois campos de treino na freguesia do concelho de Santo Tirso.

«Esta solução foi muito importante, porque nada temos a ver com o Aves 1930, que tinha uma situação catastrófica e vai cessar o seu futebol após 30 de junho. Nós iremos deter 100 por cento da SAD e esperamos ter dois campos de treino concluídos nesse mês», disse, sobre os terrenos pertencentes à Junta de Freguesia e aos Bombeiros da Vila das Aves.

No sábado, os contratos e documentos estabelecidos entre as duas partes foram ratificados por maioria numa assembleia geral extraordinária efetuada na Vila das Aves, na qual houve oito abstenções e quatro votos contra, num universo eleitoral de quase 200 sócios. Em discussão estava uma proposta de arrendamento do Estádio do CD Aves durante um período de dez anos pelo emblema de Vila Franca de Xira, concelho do distrito de Lisboa que está localizado a 320 quilómetros da Vila das Aves, pertencente ao distrito do Porto.

O acordo «é automaticamente renovável» no final dos dez anos e permite à SAD ribatejana solucionar o processo de venda da sua licença de participação na II Liga, além de passar a assumir o controlo das camadas jovens do CD Aves 1930. Assim, o futebol profissional regressa às Aves três anos depois do adeus à I Liga.

O clube continuará a gerir as suas equipas de futsal e vai abrir uma secção de basquetebol.

Os avenses estão impedidos pela FIFA de inscrever novos atletas há duas épocas, na sequência de um conjunto provisório de 17,1 milhões de euros (ME) de dívidas a 110 credores da respetiva SAD, que foi declarada insolvente em 2021, a pedido do Oriental.

Despromovida pela via desportiva à II Liga em 2019/20, a sociedade então liderada pelo chinês Wei Zhao enfrentou diversas rescisões unilaterais de jogadores, equipa técnica e funcionários e falhou o licenciamento para as provas profissionais da época seguinte, prescindindo de competir no Campeonato de Portugal, então terceiro escalão nacional.