Para aqueles que procuram neste Mundial de Clubes provas de que a força do futebol não tem berço num só continente – o europeu, leia-se – o duelo entre Real Madrid e Al Hilal, que abriu o Grupo H, servirá como exemplo paradigmático dessa teoria.

Não apenas pelo resultado, um empate a uma bola, mas pelo rumo que o jogo tomou, com a equipa de Riade, que teve os portugueses João Cancelo e Rúben Neves no onze inicial, a equilibrar perfeitamente as operações, conseguindo mesmo momentos de ascendente diante do todo-poderoso Real Madrid, que estreou Xabi Alonso no papel de treinador.

Sim, todo-poderoso Real Madrid. É certo que não houve Kylian Mbappé, baixa de última hora devido a doença, mas sobravam ainda assim Jude Bellingham, Vinícius Júnior ou Rodrygo, para lá dos reforços Dean Huijsen e Trent Alexander-Arnold. E do banco ainda saltou um tal de Luka Modric.

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Só que o que se viu em campo foram duas equipas que se equivaleram durante grande parte do tempo. A primeira parte teve mesmo ascendente do Al Hilal, que até sofreu primeiro, numa transição rápida do Real bem definida pelo jovem Gonzalo Garcia, mas não demorou a repor a igualdade pelo português Rúben Neves, na conversão de um penálti cometido infantilmente por Raul Asencio. O jovem central espanhol já nem veio para a segunda parte…

A etapa complementar mostrou um Real Madrid mais ligado, realidade com a qual o Al Hilal, já com Simone Inzaghi no banco, mostrou dificuldades em lidar.

Porém, nos momentos de maior aflição, emergiu Bono, guarda-redes dos sauditas, que se transformou rapidamente na figura do jogo. Mesmo que a FIFA tenha atribuído o prémio de MVP a Gonzalo Garcia. Haverá, no futuro, um espaço de reflexão dedicado ao tema, certamente.

O internacional marroquino emergiu a herói no Al Hilal quando, ao minuto 90+2, parou um penálti de Fede Valverde, que castigou mais um falta escusada, esta cometida por Mohammed Al Qahtani sobre Fran Garcia.

Tudo somado rendeu um ponto para cada lado, um resultado que deixará os sauditas mais felizes. Resta perceber que réplica poderão vir a dar a esta dupla o Pachuca e o Salzburgo, no Grupo H. As duas equipas defrontam-se a partir das 23:00 desta quarta-feira, em Cincinatti.

MOMENTO: Bono defende penálti e segura empate (90+2m)

Quando o empate parecia ser o desfecho mais lógico, e justo, do encontro, o Real Madrid viu cair do céu uma ocasião de ouro para carimbar a vitória, no tempo de compensação, quando Mohammed Al Qahtani cometeu penálti sobre Fran Garcia. Porém, na conversão, Fede Valverde viu Bono agigantar-se na baliza do Al Hilal e travar o seu remate. Com isso, garantiu um ponto que o Al Hilal fez por merecer.

FIGURA: Bono (Al Hilal)

Só o penálti defendido em tempo de compensação bastaria para sobressair num jogo com pouca história, mas Bono não se limitou a isso. Tanto na primeira como na segunda parte, sobretudo nesta, manteve a sua equipa no jogo com um conjunto de intervenções decisivas.