João Matos foi o convidado de honra do programa Maisfutebol na TVI24, no domingo. O campeão do Mundo de futsal abordou as dificuldades que sentiu ao longo da prova numa confissão profunda, precisamente na data em que se assinalou o Dia Internacional da Saúde Mental.

«Estas conquistas têm momentos desagradáveis. Não vamos falar de lesões, porque são o ponto menos favorável de um jogador, mas há momentos muito complicados. Houve um momento em que o Braz me perguntou mesmo: ‘João, estás saturado de aqui estar?’ E eu respondi que sim, estava mesmo saturado de estar ali. Custou-me muito estar ali», começou por dizer.

O capitão do Sporting, com uma honestidade tremenda, explicou o que sentiu: «O Mundial é a competição em que estamos mais tempo fora da nossa zona de conforto. É muito tempo. A preparação foi muito bem feita, a pensar em outros voos, mas até esse momento foi muito complicado. Falo por mim, pessoalmente. Foi muito duro não ter aquele apoio familiar e fazer uma coisa simples – que podia ter feito - como sair do treino e sentar-me numa esplanada, beber um café e não pensar em nada. Esses momentos fazem bem à saúde mental. E houve ali momentos em que ‘paniquei’, foi duro, muito duro.»

Entre outros títulos, João Matos já conquistou um Campeonato do Mundo por Portugal, um Campeonato da Europa por Portugal e duas Ligas dos Campeões de futsal pelo Sporting. A carreira proporciona grandes momentos, mas acarreta enorme exigência: «Há quem diga que isto é uma grande vida. E é, faço o que gosto, é muito bom, mas é muito difícil.

«Isto ainda é muito tabu. No dia da final, estive uma hora e dez minutos deitado no chão da sala de reuniões com o meu mental coach em Zoom, a fazer uma sessão de hipnose, a preparar-me mentalmente para a final. Parece-me que isso ainda é muito tabu. Temos dois ou três jogadores na seleção que já têm os seus mental coaches e não tenho dúvidas nenhuma que isso faz toda a diferença», rematou o jogador de futsal de 34 anos.