Um génio deixa sempre algumas frases na memória, além das jogadas e dos golos. Mané Garrincha não foge à regra, mas, mais do que o que disse, ficou registado o que dele disseram.
De companheiros a jornalistas e escritores, de poetas a adversários, ninguém ficou indiferente a um dos maiores de sempre, campeão do mundo em 1958 e 1962, autor de jogadas fantásticas, apelidado de anjo e demónio. Mas sempre de mágico também.
Aqui ficam algumas das frases famosas sobre «seu» Mané, 25 anos depois da sua morte.
Algumas frases de Garrincha:
«Já acabou o campeonato? Que torneio mais mixuruca, não tem nem segundo turno»
Após a final do Campeonato do Mundo de 1958, na Suécia
«O goleiro deles não queria abrir as pernas. Fiquei esperando»
Depois de um golo em que ameaçou várias vezes antes de rematar à baliza, pelo Botafogo na América Central
«Fui como Cristo, na vida particular e também no futebol. Já sei que, quando os dirigentes tentam passar os jogadores para trás, eles chiam e dizem: vocês pensam que eu sou um Garrincha? É isso aí, gente boa, virei um símbolo do que não se deve ser na vida»
Sobre a imagem que deixou
Algumas frases sobre Garrincha:
«Garrincha é um verdadeiro assombro. Não pode ser produto de nenhuma escola de futebol. Nunca vi um jogador igual»
Gavril Katchalin, técnico soviético em 62.
«Eu fazia o lançamento e tinha vontade de rir. O Mané ia passando e deixando os homens de bunda no chão. Em fila, disciplinadamente»
Didi, sobre o Mundial de 1958.
«Para Mané Garrincha, o espaço de um pequeno guardanapo era um enorme latifúndio»
Armando Nogueira, jornalista e escritor.
«Ele deu-me um baile. Pedi que o contratassem e o pusessem entre os titulares. Eu não queria enfrentá-lo de novo»
Nílton Santos, internacional brasileiro sobre os testes de Garrincha no Botafogo
«Estávamos em pânico, quando pensávamos no que Garrincha podia fazer. Não existia marcador no mundo capaz de neutralizá-lo»

Nils Liedholm, médio da Suécia em 1958.
«Um Garrincha transcende todos os padrões de julgamento. Estou certo de que o próprio Juízo Final há de sentir-se incompetente para opinar sobre o nosso Mané»
Nelson Rodrigues, escritor
«Eu digo: não há no Brasil, não há no mundo ninguém tão terno, ninguém tão passarinho como o Mané.»
Nelson Rodrigues, escritor
«O Garrincha foi driblando um, driblando outro e consta inclusive que, na sua penetração fantástica, driblou até as barbas de Rasputin»
Nelson Rodrigues, escritor, sobre o Brasil-URSS de 1958
«A um passe de Didi, Garrincha avança/Colado o couro aos pés, o olhar atento/Dribla um, dribla dois, depois descansa/Como a medir o lance do momento./Vem-lhe o pressentimento; ele se lança/Mais rápido que o próprio pensamento»
Início do poema de Vinícius de Moraes, «O Anjo das Pernas Tortas»
«Garrincha foi a maior figura do jogo, a maior figura da Copa do Mundo e, vamos admitir a verdade última e exasperada: a maior figura do futebol brasileiro desde Pedro Álvares Cabral»
Nélson Rodrigues, escritor, depois do Brasil-Chile do Mundial de 1962
«Se há um deus que regula o futebol, esse deus é sobretudo irónico e farsante, e Garrincha foi um de seus delegados incumbidos de zombar de tudo e de todos, nos estádios»
Carlos Drummond de Andrade, poeta