Gary Lineker viu em campo todo o génio de Diego Maradona no seu ponto mais alto e, no dia da morte de El Pibe, o ex-jogador inglês prestou-lhe um tributo emocionado.

O ex-avançado esteve na emissão da BT Sport a contar alguns episódios com Maradona, incluindo no México 86, em que Inglaterra foi vítima da mão de Deus e do Barrilete cósmico.

«Ele era reverenciado, adorado na Argentina, tinha constantemente uma comitiva enorme à volta dele. Nunca me irei esquecer quando fui ver o Boca Juniors jogar. Ele tinha um camarote e foi ao jogo com a família. O ambiente era incrível. E ele estava lá debruçado aos gritos. Uma das filhas tinha de o segurar literalmente para ele não cair da bancada», recordou Lineker, acrescentando:

«Ele tinha uma paixão tão incrível pelo jogo. Nunca pensei na vida ver alguém que chegasse minimamente perto do Diego Maradona em termos de habilidade com a bola. O Messi é muito parecido, em muitos aspetos, mas o Diego era incrível.»

Lineker recordou depois um jogo particular entre os melhores jogadores da liga inglesa e os melhores do mundo, em Wembley. «Joguei com ele durante 45 minutos. Havia grandes jogadores de todo o mundo, Platini, por exemplo, mas estavam todos maravilhados com Maradona.»

«Começou logo no balneário. Sabem quando enrolamos as meias numa bola? Ele ficou lá sentado durante cinco minutos a dar toques com as meias.»

«Depois ele entrou em campo e fez algo incrível, uma das coisas mais incríveis que já vi num campo de futebol. Foi a dar toques até ao círculo central e, quando chegou lá, «bang» chutou a bola o mais alto que conseguiu e esperou. A bola caiu-lhe no pé, ele fez «bang» de novo. Ele fez isso 13 vezes e o máximo que fez foi andar três passos para receber a bola. Nós estávamos lá todos a dizer: ‘Isto é impossível», disse Lineker, admitindo que tentou depois a proeza com os companheiros de treino no Barcelona, mas ninguém conseguiu chegar perto do que fez Maradona.

«Nunca vi ninguém ter um afeto tão grande por uma bola de futebol», apontou, recordando depois o Mundial de 86. «Nessa altura era impossível jogar contra ele.»

«No Mundial de 86, falamos da mão de Deus, mas o outro golo que ele marcou… o campo do Azteca era horrível, a relva escorregava debaixo dos nossos pés. E fazer o que ele fez… Aquela reviravolta a meio campo de depois passar pelos jogadores como se eles não estivessem lá… foi incrível. Foi o mais próximo que estive de sentir que devia de aplaudir alguém a marcar um golo contra nós. Claro que não o fiz, porque seria destruído cá», admitiu, concluindo: «Ele foi, sem dúvida, o melhor jogador da minha geração.»