Em dia de Clássico, o Maisfutebol falou com um jogador que sabe bem como os resolver. Geovanni, ex-jogador do Benfica e actualmente no Hull City, silenciou Alvalade no dia 2 de Maio de 2004. Silenciou? Bem, talvez não seja esta a expressão mais apropriada. Em boa verdade, o golo do internacional brasileiro, a dois minutos do final, assemelhou-se a um rastilho de pólvora que rebentou nas mãos da claque leonina.
Os minutos que se seguiram foram de pânico. Alguns adeptos do Sporting entraram em campo, frustrados com o andamento da partida, e só a intervenção da polícia e de José Eduardo Bettencourt impediram males maiores. Em causa estava o segundo lugar e o acesso à Liga dos Campeões.
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«Marcar em Alvalade é inesquecível. O Sporting tinha o Pedro Barbosa, o Rochemback, o Sá Pinto e uma equipa mais forte do que a actual. Jogava um bom futebol e tinha tudo para vencer. O jogo foi muito equilibrado, emocionante e quem ganhou com isso foram os adeptos que foram a Alvalade», recorda Geovanni, hoje com 30 anos.
O atleta desconhece até hoje os motivos da reacção dos adeptos. «O meu golo deu invasão de campo. Lembro-me bem disso, mas ainda não sei porquê. Não desrespeitei ninguém. Celebrei o meu golo com a torcida do Benfica, apenas isso. Já fiz grandes golos contra equipas importantes e nunca reagi de forma menos apropriada. Nunca fiz nenhum gesto obsceno para uma claque adversária. Por isso fiquei surpreendido quando vi os adeptos do Sporting a entrarem no relvado. Talvez tenha sido pela frustração de terem perdido o segundo lugar.»
«Ao marcar em Alvalade entrei na história do Benfica»
Quase seis anos depois, Geovanni olha com nostalgia e muita saudade para essa noite em Alvalade. Com esse golo, o jogador do Hull City sente ter entrado na história do Benfica.
«Foi importantíssimo. Entrei na história do Benfica porque ajudei a equipa a chegar ao segundo lugar e à Liga dos Campeões. Tínhamos uma bela equipa, com o Nuno Gomes, o Simão, o Moreira, o Tiago¿ Foi um prazer ter trabalhado com eles.»
Para o jogo desta noite, Geovanni acredita no triunfo da equipa da Luz. Principalmente por considerar estar muito mais forte do que nos anos anteriores. E há uma razão para isso.
«Hoje o Benfica é diferente. Está mais estruturado, mais organizado, mais poderoso do que nessa época. Na altura tínhamos de andar a saltitar de local em local para treinar. De Massamá para Odivelas, de Odivelas para o Estádio Nacional. Não era a melhor forma de trabalhar. Agora o Benfica tem um centro de treinos excelente e isso faz toda a diferença.»
«É duro ser jogador do Benfica e actuar em Alvalade»
Geovanni esteve três anos e meio em Portugal e sabe bem o quão ingrato pode ser actuar em Alvalade. Para o brasileiro, só o ambiente do Dragão é «tão ou mais complicado».
«É duro ser jogador do Benfica e actuar em Alvalade. É o estádio mais difícil em Portugal, juntamente com o Dragão, no Porto. Senti também muitas dificuldades no terreno do Nacional da Madeira, devido à altitude e a pequena dimensão do campo. Em Braga também não era nada fácil.»
Recorde o golo de Geovanni em Alvalade: