Miklos Fehér e Robert Enke deixaram a vida demasiado cedo. Geovanni privou de perto com ambos e faz, em entrevista ao Maisfutebol, um depoimento carregado de emoção sobre cada um deles. Para ler e recordar com saudade a imagem destes dois ex-jogadores do Benfica.
Conheceu bem o Miklos Fehér. Recorda-se da noite em que ele morreu?
Perfeitamente. Estava a ver o jogo pela televisão, porque tinha uma lesão e não fui a Guimarães. O Miklos era um menino bom, não se chateava com ninguém e andava sempre com um sorriso nos lábios. Nunca tinha visto ninguém a morrer em directo e fiquei chocado. Ver um amigo a morrer e eu sem poder ajudar¿ Fiquei muito desorientado. Mais tarde ligaram-me e confirmaram-me que o Miki tinha morrido. Aqui em Inglaterra joguei com um húngaro, o Peter Halmosi, e falámos várias vezes sobre ele.
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O grupo de trabalho ficou destroçado...
Ficou, claro. Mas ficou também ainda mais unido e com força-extra para chegar ao título no ano seguinte. Esse título também foi do Miki Fehér. Quando cheguei em 2003/04 andávamos muitas vezes juntos. Convivíamos bastante fora do campo e pude conhecê-lo melhor. Era um jogador muito forte, fez alguns golos bonitos e treinava sempre no limite.
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No Barcelona partilhou o balneário com o Robert Enke que, infelizmente, também já faleceu. Tinham uma relação próxima?
Nunca mais me esqueço da primeira vez que o vi. Eu cheguei ao balneário e aquele rapaz louro veio ter comigo e disse-me Eu falo porrrtuguês, com um sotaque alemão engraçadíssimo. Aquilo fez-me rir e tornámo-nos bons amigos. A morte dele mexeu muito comigo.
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O Enke parecia-lhe uma pessoa deprimida?
Ele nunca me deu um sinal de depressão. Era muito reservado, calmo, isso é verdade. Mas daí a ter depressões¿ Trabalhava bem, era cumpridor e merecia ter tido mais sorte em Barcelona. Teve um final trágico. Eu estava convencido que ele ia defender a baliza da Alemanha no Mundial. A vida tem coisas terríveis.