A FIGURA: Ricardo Valente
Como fugir do número 7 vitoriano na hora de eleger o homem do jogo? Ricardo Valente entrou em campo para correr e lutar na frente de ataque durante os cerca de 20 minutos que Sérgio Conceição lhe concedeu. Fê-lo, mas o esforço parecia inglório. Até que já nos descontos Marafona não segurou a bola de Tozé e ele ficou com caminho livre para a glória. Valente merece. É um jogador de qualidade e de trabalho. Não deixa de ser estranho como não é titular indiscutível neste Vitória de Guimarães, ao qual faltam soluções.
 
O MOMENTO: Minuto 90'+1. Um Valente golo ao cair do pano
O destino do Vitória parecia encaminhar-se para mais ujm empate. Tudo se conjugava para agravar um pouco mais a já de si periclitante condição de Sérgio Conceição no comando técnico da equipa. Período de descontos, só mais uns lances para jogar e de repente a bola aparece na área pacense, na cabeça do pequeno Tozé. Marafona defendeu! Porém, na recarga estava lá o golo salvador nos pés de Ricardo Valente. Foi só empurrar e festejar com os fervorosos adeptos vimaranenses.
 
Positivo
Em 22 jogadores que iniciaram a partida, 18 eram portugueses. Tudo equitativamente divido: nove de cada lado. Esta aposta é um bom sinal para o futebol português. Destaque também para o público vimaranense. Mesmo estando-lhes reservada a única bancada não coberta da Mata Real, eles compareceram em peso numa segunda-feira de chuva. Eram 300, alguns sem camisola (!), apoiaram a equipa durante os 90 minutos e acreditaram até à apoteose final. O Vitória parecia estar a jogar em casa.
 
Negativo
A série de Sérgio Conceição. Não há como olhar para ela de forma positiva. Ainda não havia vencido. Agora, tudo parece ter ficado para trás. Foram quatro derrotas e um empate nos cinco primeiros jogos. Outra nota: o plantel do Vitória é curto. Demasiado curto para uma equipa que queira ter ambições de lutar, pelo menos, pela primeira metade da tabela. Sublinhe-se também a desconcentração defensiva do Paços. Nos momentos finais da partida, não se pode deixar dois jogadores sozinhos na área em posição de fazer golo.
 
OUTROS DESTAQUES:
Hélder Lopes
São frequentes as suas incursões pelo flanco esquerdo. Aos 33’, numa sucessão de dribles criou um lance de perigo sério junto da baliza vitoriana… falhou no remate, que saiu com má direção. Ainda assim, é por ele que os pacenses carrilaram boa parte do seu jogo ofensivo. E defensivamente não houve nada a apontar-lhe. Muito seguro e ainda mais útil.

Barnes Osei
O ganês tem aquele perfume do futebol africano de que a equipa do Paços precisa para ganhar criatividade e tornar-se mais imprevisível. Além disso, sobra-lhe velocidade, o que o tornou em muitos lances um quebra-cabeças para os laterais vitorianos (foi alternando de flanco). Depois de vários raides, aos 51’ visou a baliza e quase marcava sem querer: o cruzamento largo obrigou Douglas a sacudir para canto. Saiu aos 69’ exausto.
 
Tomané
O vitoriano tem pinta de ponta-de-lança e os centrais do Paços sabem disso. Não lhe deram grande espaço, embora também não tenha sido propriamente bem servido. Na única ocasião que teve de ser matador, na primeira parte, cabeceou para o fundo das redes. O problema é que Cosme Machado descortinou (e ao que parece bem) uma falta sobre o central pacense Miguel Vieira no lance.
 
Cafú
A braçadeira de capitão assenta-lhe bem. O médio vimaranense é quase como uma extensão em campo do técnico Sérgio Conceição. A cada paragem de jogo, é ele que acorre à linha lateral para ouvir as instruções do treinador. É Cafú que pauta boa parte do jogo vitoriano e cabe-lhe a ele sobretudo o papel de comandar o meio-campo defensivo da equipa e a articulação com os centrais. Não é pouco. E ele fá-lo bem.