Sete meses e quatro dias depois de ter sido apresentado como treinador do Boavista, Erwin Sanchez terminou a sua aventura no Bessa. Uma passagem com pouco sucesso na primeira vez que o boliviano assumiu o cargo de técnico. O que é curioso é que Sanchez também estava inscrito como jogador, tendo contrato até final da época. Um ponto que não foi esclarecido por João Loureiro.

Conhecido como o «Platini» da Bolívia, chegou ao Bessa vindo do Benfica em 92/93, numa altura em que João Vieira Pinto fez o percurso inverso. Permaneceu no Bessa até 96/97, regressando ao Estádio da Luz na época seguinte. Sem grande espaço para brilhar, chegou a ser relegado para a equipa B, já no tempo de Souness, voltando ao Boavista em Dezembro de 99. Aí viveu alguns dos seus melhores momentos, ajudando a equipa a conquistar o título nacional, para além de ter brilhado na Liga dos Campeões.

Com a saída de Jaime Pacheco e a necessidade da SAD axadrezada encontrar um novo rumo de futuro, consentâneo com a redução de despesas e potencialização dos valores existentes, Sanchez é apontado como técnico principal, deixando para trás a carreira de jogador. Como adjuntos são escolhidos Caetano (então treinador do Académico de Viseu), Ricardo Silva (que já tinha funções de preparador-físico nas camadas jovens) e Alfredo Castro, que viria a abandonar o cargo alegando problemas pessoais. A nível organizativo também se regista a entrada de João Freitas para director-executivo para o futebol.

Surgiram algumas dúvidas sobre a legalidade de Sanchez como treinador, uma vez que não detinha o curso de quarto nível, então necessário para orientar uma equipa da Superliga. A contestação da Associação de Treinadores foi forte e só uma mudança nos regulamentos da Liga tornou possível ao Boavista assegurar a sua nova equipa técnica ¿ aliás, como aconteceu com a União de Leiria e Vítor Pontes.

Com um plantel que muitos consideraram mais forte do que o da época anterior, até porque entraram jogadores como Ricardo Sousa, Ricardo Silva, Ali, Yuri e Fary, os resultados foram aparecendo com alguma naturalidade, mas sem fulgor. Os axadrezados estiveram quase sempre entre os seis/sete primeiros, com passagens ligeiras pelo terceiro, quarto e quinto lugares. O empate a 0-0 com o Benfica na primeira jornada anunciava uma equipa tão forte defensivamente como no passado, mas débil no ataque. Algo que se foi sucedendo ao longo da temporada.

Em 25 jornadas, Sanchez levou a sua equipa a somar 37 pontos, com nove vitórias, dez empates e seis derrotas. O ataque produziu apenas 24 golos, com Ricardo Sousa a apontar onze, e a defesa concedeu 20 tentos, o que constitui o segundo melhor registo do campeonato logo a seguir ao F.C. Porto.

O grande problema do boliviano foi não ter conseguido levar a equipa mais longe, não só através de resultados, mas principalmente pelas exibições, quase sempre muito pobres. Apesar de estar entre os primeiros e na luta por um lugar europeu, nas últimas jornadas o Boavista revelou-se ainda mais frágil. Nas últimas oito jornadas a equipa somou dois triunfos (Beira Mar e Alverca) e apenas pela margem de um golo; empatou em quatro ocasiões e perdeu por duas vezes (Benfica e Académica). Um péssimo registo para quem se habituou a ganhar.