A obrigação das grandes equipas é vencer, mas com estilo. Wenger dizia que gostava de imaginar o adepto, que após um dia duro de trabalho, pensava 'wow, hoje vou ver a minha equipa’.

O FC Porto tarda em somar vitórias na Europa – tem apenas uma num grupo perfeitamente ao alcance – e, mais preocupante que isso, não sai do registo cinzento. Conceição alterou o sistema (3x5x2), mas a ideia pobre manteve-se e o resultado acabou por ser negativo: derrota por 2-0 frente ao acessível Rangers.

Já alarmante é a classificação dos azuis e brancos no grupo ao fim de quatro jogos: 4.º e último lugar com quatro pontos somados atrás de Rangers e Young Boys e em igualdade com Feyenoord. Depois da eliminação na pré-eliminatória da Liga dos Campeões, os dragões estão em apuros na Liga Europa.

O sistema, inédito na era Conceição, surpreendeu os protestantes. O FC Porto começou melhor, conseguiu ter bola e criou uma boa situação para marcar. Na sequência de um pontapé de canto, Pepe desviou e apenas o corte de Kamara em cima da linha impediu o golo portista (8m). Logo de seguida, Soares cabeceou ao lado após assistência de Otávio (12m).

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O Rangers ajustou-se, reorganizou-se e começou a ripostar. Sem jogarem por aí além - o jogo não foi de todo bem jogado – os escoceses equilibraram e começaram a chegar junto da baliza de Marchesín. Sempre através dos corredores laterais, claro.

O FC Porto voltou a assustar McGregor pouco depois da meia hora, embora o lance tenha acabado anulado por posição irregular. Soares obrigou o experiente guarda-redes a voar para impedir o golo português após um brilhante cruzamento de Alex Telles – o único lance digno de registo do brasileiro devido à função que foi obrigado a desempenhar esta noite.

O ambiente no Ibrox arrepia: festeja-se cada lançamento e canto como um corte importantíssimo. Tem um ambiente especial, claro. Mas, é preciso dizer, não foi por aí que o FC Porto fez uma segunda parte fraca.

O segundo tempo começou com a lesão de Pepe que obrigou Conceição a reformular toda a equipa. Sem Diogo Leite (ficou na bancada), o técnico lançou Díaz, fez recuar Corona para o corredor direito, Alex Telles para central do lado esquerdo e colocou Manafá no corredor esquerdo.

Sem capacidade para ter bola, o FC Porto permitiu o crescimento do Rangers. Ryan Kent deu o primeiro sinal de perigo com um remate de fora da área que Marchesín travou com a luva direita.

Foi preciso esperar 22 minutos para ver o primeiro remate dos portistas na segunda parte. Corona mostrou qualidade no cruzamento e deixou Manafá com tudo para marcar. O remate do lateral não é perfeito, mas podia ter resultado em golo. Valeu o corte de Goldson quase em cima da linha (67).

Volvidos dois minutos, Jack serviu o inevitável Morelos para o primeiro da noite. O colombiano teve tempo e espaço para dominar e atirar para o poste mais distante, sem hipótese de defesa para Marchesín.
 


O FC Porto nem teve tempo para reagir, visto que sofreu novo golpe quatro minutos depois: Morelos deixou Davis solto à entrada da área e o médio rematou, viu a bola desviar em Marcano e entrar na baliza portista. Davis não marcava um golo há dois anos.
 


Nem com Zé Luís e Fábio Silva no ataque, os dragões voltaram a ser perigosos. Apenas dois cabeceamentos do cabo-verdiano para amostra e pouco mais.

O FC Porto fez uma exibição cinzenta e complicou as contas no grupo G. Pior, não produziu nenhum entusiasmo ou suspiro em que viu, após um duro dia de trabalho.