A Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) levantou a suspensão das ações da SAD do Benfica, decretada ao início da manhã desta segunda-feira.

«O Conselho de Administração da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) deliberou, nos termos do artigo 214º e da alínea b) do n.º 2 do artigo 213º do Código dos Valores Mobiliários o levantamento da suspensão da negociação das ações Sport Lisboa e Benfica - Futebol SAD, na sequência da informação incorporada no mercado», pode ler-se.

Ao início da manhã, a CMVM tinha enviado duas informações aos mercados, abordando «indícios de irregularidades diversas» que podem provocar impacto na sociedade: «Em concreto, a CMVM tem vindo a solicitar esclarecimentos e, sempre que aplicável, a prestação de informação ao mercado a Luís Filipe Vieira, José António dos Santos, John Textor, José Guilherme, Quinta de Jugais e ao Sport Lisboa e Benfica», lê-se.

A entidade reguladora dos mercados informou que, das diligência que efetuou junto de titulares de participações e de outros interessados, foi apurada a «existência de contratos referentes à transmissão de ações cujas consequências em sede de imputação de direitos de voto não foram dadas a conhecer ao mercado».

«Emergem, assim, dúvidas, quanto à transparência das referidas participações qualificadas e em particular, quanto à atual definição da estrutura acionista da Benfica SAD», aponta a CMVM.

No mesmo comunicado, foi mencionado que há «fortes indícios» de que o acionista José António dos Santos, um dos quatro detidos na «Operação Cartão Vermelho» e o maior acionista privado da SAD do Benfica, celebrou contratos promessa de compra e venda de ações com outros titulares de participações qualificadas e que elevariam a sua participação de 16 para mais de 20 por cento. Esses contratos, a tornarem-se efetivos, reduziriam de forma muito significativa ou extinguiriam a participação qualificadas de outros acionistas, entre os quais, refere-se, estão o construtor José da Conceição Guilherme e a Quinta dos Jugais, Lda.

Além disso, a CMVM avançou que existiam «fortes indícios» de que José António dos Santos celebrou um acordo de compra e venda com John Textor, um empresário norte-americano, para a alienação de uma participação de 25 por cento. É referido que nenhuma das transações, ainda que sujeitas a «condição suspensiva», foi comunicada ao mercado.

Entretanto, depois da suspensão decretada pela Comissão do Mercado de Valores Mobiliários, o norte-americano John Textor veio a público explicar o teor das conversas com José António dos Santos sobre a SAD do Benfica.

Num comunicado publicado no seu site oficial, John Textor disse que o empresário também conhecido como «rei dos frangos» lhe foi apresentado não por elementos da direção do Benfica, mas por um banco de investimento sediado em Londres com o qual mantém conversas regulares acerca de possíveis investimentos no desporto e que José António dos Santos o viu como a pessoa indicada para dar seguimento à «missão do Benfica». «Nunca procurei, negociei ou cheguei a um acordo para comprar ações da SAD do Benfica», garantiu o norte-americano.