O Sp. Braga defendeu hoje uma reformulação urgente dos quadros competitivos para o futebol português e revelou que irá apresentar propostas à Liga, à Federação Portuguesa de Futebol (FPF) e ao secretário de Estado do Desporto.

Num encontro com os jornalistas, que teve lugar na sala de imprensa do Estádio Municipal de Braga, António Salvador destacou que o clube quer abrir um debate para que o futebol português seja mais competitivo.

«Os modelos devem ser levados à discussão, temos reuniões agendadas, iremos apresentar soluções. Queremos que a competição seja mais imprevisível, que sejam defendidos os adeptos. Temos de criar condições para reter talentos. Este debate vai envolver todos os clubes para que haja uma competição mais equilibrada e mais rentável», referiu o presidente do clube minhoto, salientando: «O futebol português está em decadência, está a morrer. Temos de o ressuscitar.»

«Não é preciso criar um grupo de trabalho na Liga para analisar modelos competitivos»

Nesse sentido, André Viana, que lidera o gabinete da presidência, estratégia e media do Sp. Braga, fez uma apresentação do documento «Reflexão e propostas sobre o presente e o futuro do futebol português» com um diagnóstico sobre os modelos competitivos nacionais e internacionais.

Para o assessor do presidente do clube, António Salvador, o modelo competitivo em Portugal não é eterno e o Sp. Braga «está preocupado com esse ecossistema», procurando acelerar essa discussão que considera fundamental para a evolução do futebol português.

«Como tornar jogos mais imprevisíveis e mais competitivos? Como atrair público e fazer com que o futebol possa ser rentável? É uma discussão que o Sp. Braga quer acelerar sob pena de se fazerem estas perguntas tarde demais. Não é preciso criar um grupo de trabalho na Liga para analisar os modelos competitivos, isso faz-se em cinco minutos com um computador e acesso à internet», vincou André Viana, acrescentando que «é impossível discutir o modelo de centralização de direitos sem também discutir o modelo de competição».

De entre os vários pontos apresentados, foi destacado o facto de a liga portuguesa ser das menos competitivas de entre as sete maiores ligas europeias, considerando que «o espetador médio não tem interesse em seguir um jogo já decidido à partida, nem uma competição com uma grande margem de probabilidade em cair para um determinado competidor».

O Sp. Braga mostrou-se recentemente favorável a um campeonato decidido na fase final num «play-off», porém, segundo o Maisfutebol apurou, este não será o modelo que estará em cima da mesa. A base de trabalho será, isso sim, um campeonato com duas fases e quatro voltas, sendo que, essa solução, para que haja espaço no calendário, levaria a uma previsível redução de equipas – ainda que uma reformulação nestes moldes com 18 equipas não esteja à partida descartada.

Uma coisa é certa, a reformulação pretendida é de alto a baixo e visa envolver não só as duas ligas profissionais, mais também a Liga 3, que é organizada pela FPF.

Portugal perde no comparativo com os Países Baixos

A perda progressiva de adeptos nos estádios nacionais também foi abordada, com o Sp. Braga a lembrar o comparativo de ocupação dos estádios entre Portugal (8.146 espetadores de média por jogo, 34,3% de ocupação) e Países Baixos (17.153 espetadores de média, 77,7%).

Ao contrário do preço – «os bilhetes são baratos em Portugal» -, os horários foram um dos fatores mais destacados para essa perda. O clube minhoto revelou que vai rejeitar jogar à segunda-feira e que irá bater-se pela alteração das horas e dias a que se joga em Portugal.

Rejeitando a ideia de esta apresentação ser uma espécie de moção de censura à Liga, António Salvador frisou que «o Sp. Braga não se revê neste modelo de direção da Liga há já muitos anos» e que o futebol português «não gira à volta dos três grandes».