A Escócia empatou a Inglaterra em Wembley (0-0), na segunda jornada do Grupo B do Euro 2020. A seleção dos Três Leões mantém-se em boa posição para seguir em frente na prova, com quatro pontos, mas demonstrou escassez de ideias para lutar pelo título desejado pelos adeptos.

Gareth Southgate apresentou o onze mais jovem de sempre de Inglaterra em grandes torneios internacionais – 25 anos e 31 dias – e esse foi um dos problemas da equipa, já identificado na jornada inaugural, embora abafado pelo triunfo pela margem mínima frente à Croácia (1-0).

Esta nova Inglaterra anseia por referências em momentos de jogo que exigem maior controlo emocional. A qualidade abunda e disfarça algumas questões, até a falta de um plano alargado de jogo por parte do próprio selecionador, mas desta vez não surgiu um golpe individual a compensar o bloqueio coletivo.

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No duelo britânico, os sinais tornaram-se claros perante a bravura nortenha da Escócia. Mais intensos em cada disputa de bola, com mais coração, mais suor e dedicação, os escoceses assustaram os Três Leões ingleses.

A Inglaterra apresentou-se com mudanças nas laterais defensivas – Reece James e Luke Shaw assumiram a titularidade – mas não aumentou a qualidade de jogo em relação ao triunfo perante a Croácia. Pelo contrário.

A Escócia de Steve Clarke, antigo adjunto de José Mourinho no Chelsea, soube bloquear todos os caminhos para a sua baliza e não deixou de ameaçar o golo no outro extremo do relvado, embora o bravo Dykes fosse pouco mais que um incómodo para os adversários e restasse apenas Che Adams para criar alguns desequilíbrios interessantes na frente.

Andy Robertson, lateral do Liverpool, fez constantes vaivéns pela esquerda e foi uma das melhores unidades escocesas. Billy Gilmour, jovem médio do Chelsea, merece igualmente destaque pelo bom desempenho, ele que foi uma das novidades de Steve Clarke e justificou em pleno a aposta do técnico.

A Inglaterra voltou a entrar bem, como tinha acontecido frente à Croácia, e teve a melhor oportunidade de golo logo ao 12.º minuto, quando Stones cabeceou ao poste da baliza de Marshall. Porém, com o decorrer do encontro, as duas seleções encaixaram e as individualidades locais deixaram de aparecer com regularidade.

A ligação entre o meio-campo e o ataque da seleção orientada por Gareth Southgate raramente funcionou – Kalvin Phillips foi abafado pela forte oposição escocesa – e Harry Kane era obrigado a procurar outros terrenos para ter bola. Quando o técnico inglês decidiu mexer, sem arriscar um milímetro, o avançado do Tottenham foi um dos sacrificados. Grealish entusiasmou os adeptos quando substituiu Foden mas pouco acrescentou e Rashford fez ainda menos quando entrou para o lugar de Kane.

Do outro lado esteve sempre uma brava Escócia, determinada a esquecer a derrota da primeira jornada frente à República Checa. O empate não alimenta em larga escala as esperanças escocesas de um apuramento para os oitavos de final da competição, mas a postura operária em pleno relvado de Wembley, perante a aristocracia inglesa, encheu de orgulho o povo do norte, sobretudo Sir Alex Ferguson, um espectator atento do duelo histórico.