O União de Leiria perdeu dois pontos nos minutos finais frente ao Belenenses (1-1) depois de ter controlado quase toda a partida e de ter usufruido de oportunidades suficientes para ampliar a vantagem conseguida no primeiro tempo. O fulgor que o Belenenses exibiu durante toda a primeira volta e início da segunda parece agora extinto. A equipa de Marinho Peres não vence há três jogos, perdeu na última jornada no Restelo frente ao Beira Mar (1-2) e hoje voltou a demonstrar que tem graves problemas físicos. O União de Leiria, pelo contrário, está a atravessar um bom periodo de forma e hoje, apesar do plantel curto, deixou bem vincadas as suas potenciaidades. 

Mais uma vez, Manuel José, com Bilro e Derlei castigados, viu-se obrigado a fazer alguma ginástica para adaptar o seu curto plantel às posições em campo. Renato foi a solução encontrada para o lado direito do quarteto defensivo que contou ainda com o constante apoio de Tiago. No meio campo, o treinador do União apostou na consistência, com Dinda no meio ladeado por João Manuel e Luís Vouzela. No ataque, abertos nas alas, Paulo Alves, na direita, e Krpan na esquerda. Marinho Peres não mexeu no seu habitual 4x3x3, apostando em Lito para ocupar o lugar do castigado Verona. 

O início de jogo foi fantástico, disputado a um ritmo alucinante. As duas equipas entraram em campo com a mesma estratégia: entrar de rompante e atacar em bloco na tentativa de surpreender o adversário. As estratégias não chocaram já que as equipas, com alguma gentileza, depois de atacarem passavam a vez ao adversário. Os primeiros dez minutos foram assim, com vinte jogadores a correrem de um lado ao outro do campo, dez a atacar e outros dez a defender. As oportunidades sucederam-se umas atrás das outras. Logo aos cinco minutos, João Manuel, após abertura de Krpan na esquerda, ganha espaço e atira, já com Marco Aurélio batido, à barra. O Belenenses respondeu de imediato com uma descida rápida de Seba pela esquerda e cruzamento para o centro da área, onde surge Pedro Henriques a rematar. Costinha defendeu para a frente, Pedro Henriques voltou a rematar e Eder salvou sobre a linha de golo. Na sequência da mesma jogada, num rápido contra-ataque, João Manuel remata cruzado ao poste de Marco Aurélio. Pouco depois, foi a vez de Filgueira que, sem marcação, atirou por cima da barra a pouco mais de dois metros da baliza de Costinha. 

Dez minutos alucinantes. O jogo estava aberto, mas as oportunidades mais flagrantes

pertenciam ao Leiria. Os dois remates de João Manuel aos ferros da baliza de Marco Aurélio fizeram tremer a equipa do Restelo. Os azuis puxaram as rédeas e procuraram quebrar o ritmo inicial, procurando ter a bola na sua posse por mais tempo e evitando as longas correrias. Mas o União não alinhou e, sempre que tinha a bola, carregava sobre a área de marco Aurélio. O Belenenses bem tentava travar o fôlego do adversário, mas a técnica dos seus jogadores de nada valeu perante as investidas sucessivas dos adversários. O golo parecia inevitável e acabou por surgir. Na marcação de um livre, Dinda atira forte contra a barreira (o esférico atinge Guga na face e o jogador teve de sair para receber assistência), ganha um ressalto e cruza para Paulo Alves que, vindo de trás sem marcação, bate Marco Aurélio com facilidade. 

A vencer, o União finalmente abrandou, mas o Belenenses manteve o mesmo ritmo pausado e raramente conseguia chegar com perigo à área de Costinha. O jogo arrastou-se até ao intervalo. Para o segundo tempo, Marinho Peres procurou dar maior dinâmica à sua equipa fazendo entrar Eliel para o centro do ataque e recuando Guga para o lugar de Lito. Manuel José respondeu de imediato, recuando João Manuel para o lado direito da defesa e Renato para o centro, passando a contar com três centrais. O Belenenses continuou a jogar lento, carregando a bola de pé para pé até à entrada da área onde, quase sempre, a perdia. O União apostava agora claramente no contra-ataque, muitas vezes com sucesso. Krpan acampou na linha de meio-campo, prendendo Tuck e Wilson e, quando solicitado, arrancava em corrida deixando os seus «guardas» para trás. Aos 72 minutos, o croata ganhou espaço na direita, Paulo Alves surgiu pelo centro arrastando consigo os defesas do Belenenses, e Krpan optou pelo remate em jeito levando a bola à barra. 

O Leiria tinha o jogo perfeitamente controlado quando, numa iniciativa individual, Guga entra na área e é puxado pela camisola por João Manuel. Estava tudo perdido. Vítor Pereira apontou para a marca de grande penalidade e Eliel assumiu o papel de carrasco. Estava feito o empate. Dinda ainda tentou desfazê-lo num forte pontapé, na marcação de um livre directo, mas Marco Aurélio não o permitiu. Mantém-se a tradição. O Belenenses nunca venceu em Leiria. Feitas as contas, o Leiria deixou escapar dois pontos e o Belenenses conquistou um.