Hecatombe geral. Depois do Sp. Braga, FC Porto e Sporting, o Benfica também se despediu da Liga Europa com um empate amargo frente ao Shakhtar Donetsk (3-3). Num jogo frenético, a equipa de Bruno Lage chegou a estar por duas vezes em vantagem na eliminatória [1-0 e 3-1], mas sempre por poucos minutos. A formação liderada por Luís Castro respondeu aos golos do Benfica e fez valer a curta vantagem que trouxe de casa para seguir em frente.

Os primeiros 45 minutos foram muito intensos, com uma entrada forte do Benfica e o Shakhtar a tentar responder. A equipa de Bruno Lage procurou, desde logo, pressionar em três frentes, com Grimaldo e Rafa sobre a esquerda, Tomás Tavares e Pizzi no lado contrário e Chiquinho e Dyego Sousa pela frente. Uma pressão intensa, a toda a largura, que colocou o Shakhtar com dificuldades em respirar, enchendo os pulmões apenas a espaços, com saídas rápidas para o meio-campo contrário.

Os ucranianos chegaram a criar perigo, numa iniciativa de Ismaily, mas Júnior Moares não chegou a tempo, mas era o Benfica que marcava o ritmo e conseguia pressionar de forma mais constante, com as linhas bem subidas. Só nos primeiros instantes do jogo, Dyego Sousa tentou um primeiro remate, Taarabt teve uma oportunidade soberana para marcar, mas foi desarmado por um corte excecional de Ismaily, e Pizzi também cruzou para a entrada de Rúben Dias que chegou ligeiramente atrasado.

Ainda não estavam decorridos dez minutos quando Pizzi surpreendeu toda a gente, com um remate da quina da área que deixou Pyatov pregado ao relvado e os defesas do Shakhtar a discutir uns com os outros. O Benfica passava a estar em vantagem na eliminatória, transpirava saúde e as bancadas redobravam o apoio à equipa de Bruno Lage, mas a vantagem durou apenas três minutos. Dôdô, lançado por Marcos Antônio, cruzou da direita para o coração da área, com Junior Moares a entrar de carrinho, ladeado por Ferro e Rúben Dias e acabou por ser o segundo central que desviou a bola, com o braço, para as próprias redes.

Logo a seguir, o Shakhtar esteve muito perto de virar o jogo, mais uma vez com Ismaily a atirar ao ferro. O jogo estava fenético e o Benfica acabou por recuperar a vantagem, aos 36 minutos, na Sequência de um pontapé de canto de Pizzi, da direita, e cabeçada de Ruben Dias que, num ápice, redimiu-se do autogolo e igualou a eliminatória. Desta vez o Shakhtar sentiu mais dificuldades em responder e, até ao intervalo, só deu Benfica. Dyego Sousa ainda teve uma oportunidade para marcar, mas permitiu a defesa de Pyatov quando tinha Pizzi em boa posição para finalizar.

Mais um carrocel de emoções

O intervalo cheou com as duas equipas em pé de igualdade e a eliminatória completamemte empatada. O Benfica anulou a vantagem que os ucranianos traziam de casa, mas precisava de mais um golo para ficar em vantagem. Logo a abrir a segundo tempo, erro tremendo de Matviyenko na tentativa de colocar a bola em Pyatov, o guarda-redes não chegou e a bola sobrou para Dyego Sousa que tocou atrasado para Rafa marcar, com um remate em jeito, fazendo a bola sobrevoar Pyatov, ainda perdido na área. O Benfica dava, assim, seguimento ao final da primeira parte e parecia estar a caminhar para a vitória na eliminatória. Pura ilusão.

O Benfica voltava a ficar em vantagem mas, mais uma vez, por muito pouco tempo. Bola ao centro, canto da esquerda e cabeçada de Stepanenko, vindo de trás, a fazer o 3-2. Um golo que devolvia a vantagem ao Shakhtar que recuperou a confiança e esteve perto de marcar novo golo logo a seguir. Era altura de serenar. O Benfica precisava apenas de um golo para seguir em frente, mas também não podia correr o risco de voltar a sofrer e comprometer definitivamente a eliminatória.

A verdade é que o último golo encheu os depósitos de confiança do Shakhtar que trocava a bola com mais segurança e progredia facilmente no terreno diante de um Benfica que tinha de voltar a correr atrás do peejuízo. Ismaily chegou a atirar ao poste, num lance que acabou por ser invalidado por fora de jogo. Bruno Lage não esperou mais e prescindiu de Chiquinho para juntar Seferovic a Dyego Sousa na frente. No lance seguinte, na sequência de um livre de Pizzi, o suíço chegou cabecear a lado, mas a Luz voltaria a sofrer novo desânimo. Joga de envolvência do Shakhtar, com Taison a cruzar atrasado, junto à linha de fundo, para o remate de Alan Patrick no coração da área. A bola bateu no relvado e sobrevoou Vlachodimos. 3-3.

O Benfica, que chegou a estar duas vezes com um pé nos oitavos, tinha agora pouco mais de vinte minutos para marcar dois golos. Não era de todo impossível, pelo que tínhamos visto até aqui, mas o Benfica estava forçado a arriscar e o Shakhtar voltava a estar em modo contra-ataque. Os ucranianos ameaçaram matar a eliminatória em definitivo antes de Bruno Lage lançar a última cartada: Vinícius e Jota de uma assentada par os lugares de Dyego Sousa e Pizzi.

O Benfica até voltou a conseguir pressionar, Rafa ainda teve forças para um último fôlego e Vinícius até esteve perto de marcar, mas os minutos correram céleres para o final e acabou por confirmar-se o adeus do último sobrevivente português. Uma verdadeira hecatombe a empurrar os quatro emblemas portugueses para fora da Europa.